domingo, 17 de maio de 2015

Recordando: Você entrevistou Zico

Zico: "Como treinador, tento valorizar o futebol-arte. Meus times jogam para o ataque"
Recordando a revista ÉPOCA com seu canal de entrevistas interativas em que as pessoas faziam sua pergunta a diversas personalidades do Brasil e do mundo. entrevistou o craque Zico falou com os internautas, foi no dia 08 de agosto de 2007.
Confira!

Você foi um exemplo de atleta, tanto no cuidado com seu físico como no cuidado com sua imagem, ou pela forma sempre profissional com que você tratou o futebol. Qual é a sua opinião sobre o comportamento do atleta nos dias atuais?
Fernando Zemil Rocha, São Paulo cuidado com sua imagem, ou pela forma sempre profissional com que você tratou o futebol. Qual é a sua opinião sobre o comportamento do atleta nos dias atuais?
Fernando Zemil Rocha, São Paulo

Zico - Fernando, são épocas diferentes e costumo ser contra comparações. Mas acho realmente que, muitas vezes, os atletas acabam se expondo demais, mas há também mais necessidade de exposição, em função do marketing e tudo o mais. Prefiro não julgar, mas quando posso aconselhar, digo que o jogador deve se concentrar no seu trabalho dentro do campo. Isso deve ser o principal. Quando o sentido está fora das quatro linhas é que alguma coisa está errada.

O futebol-arte voltará a reinar um dia ou estamos condenados a assistir esse futebol pragmático o resto da vida?
Fábio Meirelles Aguiar, São Paulo

Zico - Gostaria de poder dizer que vai voltar, Fábio, mas essa não é a verdade. O fato é que temos hoje excelentes jogadores, talentosos, mas os tempos são outros. Como treinador, tento valorizar o futebol-arte e meus times jogam para o ataque. Mas o esporte hoje e um negócio e vencer é importante. Não vai ser possível voltar no tempo.

Quando vamos ter a honra e a sorte de ter você como técnico do Flamengo ou da Seleção Brasileira?
Maria Cristina Oliveira Carvalho, Minas Gerais

Zico - Isso não passa pela minha cabeça hoje, Maria. Sou um profissional e estou tentando uma carreira internacional na Europa porque sei que tenho boas condições de desenvolver um trabalho. Então, o futuro não se sabe, mas hoje meu foco é o Fenerbahçe.

Zico, como foi a experiência na seleção japonesa? Você pretende voltar um dia para lá?
Walter Barbosa Junior, São Paulo

Zico - Walter, foram tantas coisas, bons momentos, aprendizados que escrevi mais de um livro sobre isso por lá. Foi muito importante para a minha vida e, se não fosse o trabalho com a seleção, não teria seguido na carreira como treinador.

Você "formatou" o futebol para os japoneses. Vai fazer isso também na Turquia?
Guilherme Burjack, Goiás

Zico - Dizer que eu formatei o futebol japonês é muito forte, Guilherme. Nunca tive essa pretensão e o que fiz, na verdade, foi levar um pouco da minha experiência, no Flamengo, no Udinese, na Seleção e na vida fora do futebol para lá. E considero que fui bem-sucedido porque conseguimos introduzir conceitos importantes e mantivemos a hegemonia do país no continente. Na Turquia é diferente. Claro que carrego minha experiência. Mas, num clube, o dia-a-dia é que é importante. Estou aprendendo muito também e tentando manter a tradição de bons treinadores no clube, que começou com o Didi, na década de 70.

Não vejo mais notícias sobre o seu clube de futebol. Você não tem mais interesse no projeto?
Fábio Pereira da Cruz, Rio de Janeiro

Zico - Legal você perguntar, Fábio. Muito pelo contrário. Estou afastado hoje do clube pela distância, mas o CFZ do Rio está lá sendo tocado pelo meu filho Júnior e pelos dois sócios dele numa empresa, a Eagle, que administra o futebol do clube. O técnico é o Leandro Ávila e a equipe está se preparando para a Segunda Divisão. São cinco vagas em disputa para a primeira e acho que podemos subir este ano.

Qual a sua opinião sobre os pedidos de dispensa de Ronaldinho Gaúcho e Kaká na Copa América?
Sebastião César Bezerra, Ceará

Zico - Sebastião, acho que isso é muito pessoal. Não julgo as razões deles. Só acho que as coisas deveriam ter sido resolvidas de forma diferente, com diálogo, acima de tudo.

Dunga convocou o goleiro Diego, do Atlético Mineiro, para a lista de pré-convocados da Copa América, quando na verdade o goleiro Bruno, do Flamengo, é infinitamente superior tecnicamente. Você acha que o fato de Bruno estar sendo negociado com clubes da Europa atrapalhou a sua convocação?
Rogério Pimenta, Rio de Janeiro

Zico - Olha, Rogério, não acredito nisso, não. A escolha dos goleiros da seleção sempre deu polêmica porque é muito pessoal de cada treinador. Pelo que acompanho, os dois são excelentes goleiros e deve ter sido apenas uma opção do Dunga.

Qual, na sua opinião, foi o seu gol mais bonito vestindo a camisa da Seleção?
Paulo Lopes, Ceará

Zico - Olha, Paulo, foi um que fiz no Serra Dourada, Brasil 6 x 0 Paraguai. O zagueiro rebateu uma bola e eu estava quase na linha da grande área e dei um toque por cobertura.Deviam ter uns 6 zagueiros e mais o goleiro e a bola fez uma curva e entrou lá onde a coruja dorme.

Das centenas de gols que você fez, para mim o mais bonito não foi validado: você driblou meio time do Vasco, mas o juiz o invalidou alegando impedimento do Doval, que nem participou do lance. Você se lembra desse gol, em 1974?
Josias Fernandes de Ávila, São Paulo

Zico - Josias, se fosse hoje, talvez o gol valesse, pois o Doval não interferiu na jogada. Foi uma linda jogada individual que eu gostava muito de fazer quando recebia a bola na intermediária.

Galinho, para você quem foi o campeão brasileiro de 1987, Sport ou Flamengo?
Ivaldo Moraes Magalhães, Pernambuco

Zico - Ivaldo, essa pergunta até hoje as pessoas se fazem. Olha, posso falar pelo que vivi, e não pelas mudanças de regulamento, pelas manobras que fizeram nos bastidores. O módulo verde era a primeira divisão e o amarelo, a segunda, e o Flamengo venceu o verde. Para nós, conquistamos o campeonato brasileiro e não teve dúvida.

Por que você aceitou ser garoto-propaganda da campanha de prevenção ao câncer peniano?
Gustavo Ferreira, Rio de Janeiro

Zico - Gustavo, confesso que não tinha nenhum conhecimento do assunto. Nós ouvimos falar normalmente de câncer de mama, de pele, mas até por isso aceitei participar da campanha. Não tenho casos do tipo com pessoas próximas a mim, o que me motivou foi poder orientar as pessoas, pois medidas muito simples como lavar com água e sabão evitam uma doença gravíssima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário