Rio - ZICO É ZICO. Para a torcida, é Deus na Terra. Na história do clube, seus números estão marcados: 508 gols em 732 jogos. Ídolo de várias gerações e inspiração para muitos jogadores, seu flamenguismo está no sangue. Ganhou camisa do clube quando nasceu: “Meu pai deu a todos os filhos.”
O DIA: Como era o Flamengo na sua época de torcedor?
Zico: Muito diferente. Nem dá para imaginar como era há 50 anos. O futebol era mais regional, não tinha essa dimensão, a gente torcia ouvindo radio. E, na maioria dos casos, era paixão herdada pela família. Meu pai comprava camisa para todos os filhos que nasciam e botava bandeira do Flamengo na janela. Meu cachorro se chamava Mengo.
O DIA: Qual o primeiro jogo que marcou sua vida de torcedor?
Zico: Até meus 9 anos não lembro de muita coisa. Mas o jogo mais marcante foi quando vi, no Maraca, o Fla-Flu de 63 (0 a 0), que foi recorde de público de quase 200 mil torcedores. Nunca esqueci a emoção.
O DIA: Ser ídolo era mais difícil naquele tempo?
Zico: Ser ídolo é difícil em qualquer tempo. Ídolo é aquele em que a torcida confia, acredita e sabe que vai dar resposta. Hoje não existe identificação com o clube, porque não se fica mais de dois anos. Sou ídolo até hoje pela dedicação profissional, respeito ao torcedor, aos adversários, presença constante em jogos e treinos. Sou ídolo até de quem não é Flamengo.
O DIA: E como você se comporta como torcedor?
Zico: Sou menos passional agora, porque vejo futebol com olhar mais crítico e exigente.
O DIA: Sente orgulho por ter ajudado a popularizar a marca Flamengo?
Zico: Muito. É um dos maiores orgulhos da minha vida. Ter a oportunidade de ser jogador no clube de seu coração e ainda participar das maiores conquistas, ajudando a crescer o nome do clube, é um grande orgulho. Sou reconhecido em qualquer lugar do mundo. Outro dia apareceu uma mulher na Índia, aos prantos, querendo que assinasse uma camisa 10 do Flamengo.
O DIA: Qual a maior alegria no Flamengo?
Zico: Foi a conquista da Taça Libertadores da América, em 1981. Por tudo o que passamos, foi muito especial. Foi a vitória do futebol sobre a violência.
O DIA: Você foi totalmente preparado para ser um ídolo. Por que o Flamengo não consegue mais ‘fabricar’ craques e ídolos?
Zico: Ninguém fabrica craques. Tem que ter talento, porque só carisma não adianta.O Homem lá de cima escolhe e diz: ‘vai ser ele.’
O DIA: E o seu melhor jogo atuando com o Manto Sagrado?
Zico: Contra o Cobreloa, na final da Libertadores, sem dúvida.
O DIA: Qual a sensação de conhecer tanto Arthur em sua homenagem?
Zico: Viajei o Brasil inteiro com o Projeto Zico 10 e em todo lugar conheci muitos xarás. Muita responsabilidade inspirar alguém a dar meu nome ao filho. Isso me emociona.
SELEÇÃO DE CRAQUES
Ao longo dos 120 anos do Flamengo, é possível se formar vários ótimos times só com ídolos inesquecíveis. Raul, Leandro, Domingos da Guia, Mozer, Leônidas e Júnior; Carlinhos, Zico e Dida; Nunes e Valido é um exemplo. Muitos outros craques entraram para a história do clube e são reconhecidos até hoje.
LEANDRO (1), considerado por muitos o mais técnico lateral-direito que o Brasil já viu, ganhou até estátua em sua cidade natal, Cabo Frio. O ex-jogador, que se aposentou do futebol precocemente , hoje é um fã apaixonado. “Imagina um torcedor de arquibancada que um dia joga no seu clube de coração. Nos jogos a camisa virava minha pele e eu não media esforços para defender o Manto. Se pude jogar 100 anos seriam todos no Flamengo”, diz, emocionado. A lista é grande.
DIDA (2) Foi maior artilheiro do clube até a Era Zico, com 257 gols em 364 jogos entre 1954 e 1963.
ADÍLIO (3) Criado no Flamengo, atuou ao lado de Zico e Andrade, formando um dos melhores meio-campos da história. O apoiador atuou no clube entre 1975 e 1987. Somou 615 partidas, o que faz dele o terceiro jogador com maior número de partidas com o Manto Sagrado.
JÚNIOR (4) Em 24 anos de carreira, conquistou quase tudo que podia no futebol. É recordista em números de jogos na história do Flamengo, em um total de 865 e 74 gols.
ROMÁRIO (5) Polêmico, goleador, gênio. Estes são apenas alguns adjetivos do Baixinho, que fez 204 gols nas 240 vezes em que atuou pelo clube, com uma ótima média de 0,85 gol por jogo.
PETKOVIC (6) O sérvio teve duas passagens marcantes pelo Flamengo. Disputou 196 jogos e fez 57 gols. É o 49º maior artilheiro da história do clube. Entrou para história ao fazer gol do tri sobre o Vasco, aos 43 minutos do segundo, no Campeonato Carioca de 2001.
ADRIANO (7) Foi coroado como Imperador pela torcida. Revelado no Flamengo, logo no início da carreira foi negociado com o futebol italiano. Voltou ao clube em abril de 2009 e tornou-se peça chave na conquista do título brasileiro de 2009, sendo artilheiro, com 19 gols.
MARTHA ESTEVES
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