segunda-feira, 22 de junho de 2015

Zico, Júnior, Renato: ídolos do Flamengo se despedem de Carlinhos


Carlinhos ao lado do busto na Gávea em 2008 (Foto: Dibulgação/ Flamengo.com.br)
Carlinhos ao lado do busto em sua homenagem na sede da Gávea (Foto: Dibulgação/ Flamengo.com.br)
Vítima de insuficiência cardíaca, Carlinhos morreu nesta segunda-feira, aos 77 anos. Mas ele jamais deixará os corações de ex-companheiros, pupilos, fãs e adversários. O Violino, apelidado assim devido à classe apresentada nos tempos em que foi meio-campista do Flamengo, recebeu mensagens carinhosas de muitos ídolos, inclusive Zico, a quem entregou suas chuteiras quando despediu-se do futebol, em 1970. Confira os depoimentos:

Zico, via Facebook
Um dia muito triste. Morreu Carlinhos. A vida dele dedicada ao Flamengo é repleta de histórias e sucesso, como jogador e treinador. Um amigo, um cara muito legal e que tive o privilégio de receber sua chuteira quando ele abandonou os gramados como jogador. Na minha despedida, em Kashima, pude retribuir dando a ele minha camisa. O título de 87 foi especial com ele como treinador. Carlinhos era dos juniores e assumiu na segunda rodada, o que tinha nos aproximado ainda mais pois fiz minha recuperação com a base. Discreto, inteligente e com aquela fala mansa, Carlinhos já fazia falta no futebol há muito tempo. Agora estará lá em cima olhando por todos nós. Obrigado, Carlinhos. A torcida do Fla agradece. Fica com Deus.


Júnior, campeão brasileiro em 1992
O Carlinhos foi meu último mestre, meu último treinador. O cara que dividiu comigo meus últimos lá. Tivemos conquistas juntos. É um amigo, mais do que um treinador. Cara que ganhou o Carioca de 1991. Estávamos sempre no La Mamma (restaurante que Carlinhos frequentava). Aí, em 1991, quando ele estava com o contrato para acabar, perguntei a ele: "O que você vai fazer?". Ele respondeu: "Se você renovar, eu renovo também". Disse: "Então tá fechado". Para ver como era a nossa relação. E aí fomos campeões brasileiros em 1992.

Quando eu jogava nos anos 80, nos encontrávamos sempre, pois ele trabalhava na base. Mas passamos a trabalhar juntos mesmo quando entrou no lugar do Vanderlei. Realmente criamos uma afinidade muito grande que perdurou até o fim. A última vez que o vi foi na inauguração do busto lá na Gávea.

Carlinhos foi o cara que mais teve identificação com o clube como treinador. Teve o Coutinho, o Carpegiani, mas pelo fato de ter sido campeão como jogador e treinador, acho que é ele. Entregou as chuteiras para o Zico. Isso são coisas realmente marcantes. Ninguém ganha dois Brasileiros sem saber das coisas. A convivência que tive com ele foi uma coisa diferente. Já tinha uma afinidade, mas é coisa realmente difícil de se encontrar não somente naquela época, mas nos dias de hoje também. Não levantava a voz para ninguém, sempre com aquela calma.
Nelsinho, companheiro de Carlinhos entre 1962 e 1968
Lembro de tudo, dos momentos bons, da amizade. Ele, inclusive, foi meu padrinho de casamento. E continuamos sempre juntos, nos comunicando mesmo quando ele estava doente. Várias vezes fui à residência dele, e a esposa comentava do afastamento de todos e que quem dava mais atenção era eu. Pessoa espetacular, como jogador nem se fala. Tinha classe e elegância para jogar um futebol enorme. Participamos das conquistas de 63 e 65 e depois cada um foi para o seu lado como treinador e em clubes diferentes. A vida passa, e esse infelizmente é o caminho de todos. Que Deus lhe dê bom descanso, porque um dia faremos meio-campo em outro planeta.

Evaristo de Macedo, ídolo e jogador do Fla nos anos 50 e 60. Técnico nos anos 2000 - via Twitter
Recebo com tristeza e dor a notícia do falecimento do Carlinhos. Descanse em paz querido amigo e ídolo rubro-negro.

Renato Gaúcho, tetracampeão brasileiro em 1987
Além de um grande treinador, Carlinhos era uma pessoa maravilhosa. Um ser humano digno e muito humilde. Tenho muito orgulho de ter trabalhado com ele. O futebol perde uma grande pessoa. Meus sentimentos para a família.

Leandro, ídolo tetracampeão com Carlinhos em 1987
Estou indo para o Rio, onde vai ser velado. Só lembro de coisas excelentes, só de coisa boas. Pessoa muito simples, muito humilde, desprovida de qualquer tipo de vaidade. O Flamengo perde um grande rubro-negro que se prontificou a sempre colaborar com o Flamengo quando o Flamengo precisou. Grande profissional, trabalhou na base, ajudou na formação de grandes craques do Flamengo. Depois veio dirigir o profissional, foi campeão com a gente da Copa União, em 1987. Depois em 92 também foi campeão brasileiro. Pessoa de coração enorme, com quem eu tinha um laço de amizade muito grande, muita afinidade. Ele gostava muito dessa região (Leandro mora em Cabo Frio). Vinha muito a Arraial do Cabo, jogávamos futevôlei em Cabo Frio. Sempre jogava um buraquinho com ele na Boca Maldita, nas concentrações. Pessoa muito especial. De fala mansa, mas de forte liderança e grande personalidade. A gente o respeitava muito. Conhecia o Flamengo como pouco por só ter jogado lá. Ainda por cima deu a chuteira para o Zico (risos).

Jorginho, lateral-direito campeão em 1987
Minha relação com ele era excelente. Um treinador muito querido com todos os jogadores. Conseguiu passar todo trabalho com muita paciência. Um cara vencedor nas duas vezes que passou pelo Flamengo. Puxa vida, muito triste.  Sabia que ele não estava bem.  Era muito inteligente e realmente ele conseguiu levar um grupo que mesclava experiência com Zico, Andrade, Tita,  com um grupo que estava chegando muito jovem com eu, Bebeto, Zinho, Aílton, mas levou o grupo muito bem e conseguiu ser campeão.
Acho que além do trabalho tático ser muito bom – ele era muito inteligente naquilo que ele fazia -, ele conseguia com toda a simplicidade dele, aquele jeito manso dele ser, ele conseguia motivar todo mundo, um grupo que tinha a idade muito diferente e ele fez um trabalho maravilhoso. Com certeza eu peguei na minha vida profissional algumas virtudes de alguns treinadores e com certeza dele peguei isso diálogo e da amizade. Ele conseguia levar o grupo numa amizade muito boa. Não era aquele cara que impunha as coisas, nem um ditador E ao mesmo tempo muito inteligente na parte tática.
Nélio, peça-chave na conquista do penta brasileiro, em 1992
Fico até emocionado. Foi o melhor treinador disparado que já tive. Aprendi muito com ele não só na parte de campo. Foi muito gratificante conviver com ele, trabalhei com ele na base, no juvenil. Sempre tratou as pessoas bem, não tinha frescura. Perda irreparável. Já estava há um tempo afastado. Estamos bastante tristes, principalmente por tudo que ele fez pelo clube. A gente teve o Carioca de 91 e sem dúvida o Brasileiro de 92. Treinador que sempre me deu muita moral, da base ao profissional. É uma tristeza, teve problemas de saúde. Sempre frequentou o dia a dia da Gávea. Foi um belíssimo jogador e treinador do Flamengo.

Romário, via Instagram
Hoje Papai do Céu levou Carlinhos, um dos maiores meio-campistas da história do Flamengo e um dos grandes treinadores. Nossa relação sempre foi de muito carinho e respeito. Deixo meus sentimentos à família.

Alex, ex-meia que teve curta passagem pelo clube em 2000, via Instagram

Foi-se a matéria, ficou o Mito! Um dos grandes da História riquíssima do Fla!!! Tive um período pequeno no Flamengo e tive a oportunidade de conhecê-lo e ver seu conhecimento de futebol e principalmente sua generosidade. Que sua família tenha mta luz nesse momento e sintam um orgulho imenso dessa figura do nosso futebol.

Gilmar Rinaldi, campeão carioca em 1991 e brasileiro em 92
Fiquei sabendo agora de manhã. Foi meu treinador. Campeão carioca em 91 e brasileiro 92. O futebol perde um grande treinador e um grande pessoa, porque ele é a cara do Flamengo. Quem olha para ele, lembra dos títulos dele como jogador e treinador. Uma pessoa que era muito grande, mas muito simples. Conseguiu mostrar que no futebol as coisas muitos simples funcionam muito bem, com resultado. Ele é uma pessoa muito simples de lidar, eu nunca o vi dar um grito. Ele era muito forte no comando, mas nunca vi dar um grito. Uma perda no futebol dentro e fora de campo, porque era um pessoa muito especial. Me chocou. O Flamengo perde uma figura muito grande.

Zagallo (ao SporTV)
Um flamenguista eterno, que teve vários títulos dentro do Flamengo. Vai nos deixar uma saudade enorme pela figura que sempre foi. Era o Violino. Sabia de tudo, mas dentro de uma tranquilidade, passava as coisas. Que Deus o leve e que estejamos aqui para rezar por ele.

Por Fred Gomes e Patricia Esteves Rio de Janeiro

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