É possível imaginar um torcedor que, em apenas um campeonato, resolve
trocar de camisa e desejar que outro time seja campeão? No futebol,
parece algo inconcebível. E no carnaval? Para Zico é algo possível e é
exatamente o que vai acontecer este ano, quando o craque vai trocar a
Beija-Flor, escola do coração, pela Imperatriz Leopoldinense. O Galinho
tem um motivo nobre para fazer a mudança: o enredo da Imperatriz, cujo
tema é a história do maior ídolo do Flamengo, que será contada na
avenida. Diante da homenagem assim, ele acha válido virar a casaca.
- Sem dúvida que vale. É um ano atípico. Ser homenageado, ser o enredo
de uma escola do peso de uma Imperatriz... É gratificante eles terem me
escolhido - disse, quando questinado sobre a "troca" pela repórter Aurora Bello, em entrevista ao "É Gol!!!".
Zico contou que já desfilou por outras escolas, como a Estádio de Sá e a
União da Ilha, mas deixa a paixão falar mais alto quando fala da
Beija-Flor, que conquistou o ex-jogador quando ainda brilhava nos
gramados.
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- Já desfilei na Estácio, (no enredo sobre o Flamengo), na Ilha, e na
Beija-Flor era constante. Em 1975, fui homenageado na quadra, recebi um
troféu muito bonito. Estava começando minha carreira, tinha sido
artilheiro do campeonato e no carnaval de 1976, a Beija-Flor foi campeã.
Com isso, passei a ser Beija-Flor e todos os anos ia na Sapucaí -
explicou.
A paixão pelo Carnaval, segundo ele, começou muito antes. Ainda
adolescente, o craque participava de um bloco que reunia a garotada do
bairro Quintino Bocaiúva, zona norte do Rio de Janeiro, onde ele cresceu
e de onde surgiu o apelido "Galinho de Quintino".
- O Carnaval sempre foi curtido com muita intensidade. É uma relação de
muitos e muitos anos, desde os 13, 14 anos, porque tínhamos o bloco lá
de Quintino, de juventude, em que saíamos sempre - contou.
Animado por virar enredo, Zico acompanhou os preparativos da Imperatriz
para o desfile de segunda-feira, dia 3 de março, dia do seu
aniversário. Ele deu palpites nas fantasias e até barrou algumas
sugestões. Agora, está na expectativa para pisar na avenida e espera ver
a escola levantar as arquibancadas.
- O samba encaixou direitinho, tem refrão forte, que é o que a galera
canta no Maraca, que levanta o time. Estou muito feliz com toda essa
aura que está em torno do que está acontecendo na Imperatriz. Seria
muito legal se a gente pudesse transformar isso numa vitória da escola -
disse.
O tabu de que escolas com enredos relacionados a esporte não ganham Carnaval não preocupa o homenageado, que espera dar sorte.
- A escola e a comunidade estão trabalhando para devolver o título a
Imperatriz, que não ganha há muitos anos. Essa questão do esporte sempre
teve,que não conseguiu (levar as escolas ao título), mas estamos
acostumado a quebrar pedra. Vamos quebrar mais uma - afirmou, confiante.
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