Por Fabio Leme e Thierry GozzerRio de Janeiro
Marcelinho sofre falta e vai para os lances livres. O Flamengo tem
jogo duro contra o Pinheiros, pela final da Liga das Américas, com o
Maracanãzinho lotado. A bola parece sair das mãos de Oscar Schmidt, o
Mão Santa, tamanha ansiedade do maior ídolo da história do basquete
brasileiro, quando enfim ele vê Marcelinho acertar. O ídolo cobre o
rosto, bate palmas, coça a cabeça e admira a torcida. Ao lado da esposa,
aponta para as bandeiras em vermelho e preto. A ola, as coreografias,
ele não perde nada. O homem que já conduziu o Flamengo dentro de quadra
desta vez é apenas mais um torcedor. Das arquibancadas, o eterno camisa
14 esteve entre os 8.701 Rubro-Negros que empurraram o Flamengo para o
titulo inédito da competição ao vencer os paulistas por 85 a 78.
E o jogo "pegado", decidido praticamente apenas na última bola a favor
do time da Gávea, mostrou que o coração de Oscar, que sofreu com uma
arritmia que o deixou internado por quase um mês, está novinho em
folha.
- Foi inesquecível, inesquecível - disse Oscar aos
torcedores ao final da festa Rubro-Negra, já no estacionamento do
Maracanãzinho.
Oscar sofre com o jogo apertado entre Flamengo e Pinheiros no Maracanãzinho (Foto: André Durão) |
Marcelinho, eleito o MVP (jogador mais valioso) da decisão, confessa a felicidade por dar o título a Oscar.
-
Ele foi pé-quente. É um ídolo do basquete brasileiro. Um ídolo do
Flamengo. Todo o grupo fica feliz com a presença dele e por termos
conseguido o título para dar de presente para o Oscar - garante o também
ídolo da torcida do Flamengo, ao final do duelo.
emoção começa antes do jogo
Não
bastasse a emoção de acompanhar o Flamengo em uma decisão, Oscar teve
que testar seu coração antes mesmo de a bola subir para a final. Já com o
Pinheiros e os cariocas em quadra, o Mão Santa foi chamado pela FIBA
Américas para dentro do palco. Ali, minutos antes do início da partida
decisiva da Liga das Américas, o Mão Santa recebeu uma homenagem.
Uma placa pelos serviços prestados ao basquete e uma camisa branca do
time de basquete do Flamengo, com seu nome e número 14 às costas. Das
arquibancadas, a torcida gritava "Olê, Olê, Olê, Olá, Oscar, Oscar". O
gigante acenava, sorria e começava a viver ali um misto de emoções que o
acompanhou pelos próximos 40 minutos do cronômetro.
Mão Santa recebe homenagem antes do jogo entre Flamengo e Pinheiros (Foto: André Durão) |
Torcida encanta o ídolo
O
primeiro tempo foi de deslumbramento para Oscar. Sentado na tribuna de
honra do Maracanãzinho, ao lado da esposa, o Mão Santa praticamente se
desligou do jogo. Sua visão estava nas arquibancadas.
Conversando com amigos, ele apontava para a massa Rubro-Negra e
parecia não acreditar na festa que via. De volta ao jogo, foi só
sorrisos ao ver Olivinha acertar cesta de três e colocar o Flamengo na
frente por 18 a 11, com oito minutos do primeiro quarto. As palmas
vieram quando Marcelinho também acertou de três, fazendo 21 a 13 para o
Flamengo. Com os olhos fixos no jogo, agora Oscar quase não piscava ou
perdia algo.
Torcida do Flamengo presta homenagem para Oscar em bandeira (Foto: André Durão / Globoesporte.com) |
mão santa preocupado
O
segundo quarto começava com o Pinheiros pressionando o Flamengo e
buscando o marcador. Era hora de entrar em cena o Oscar preocupado. O
ídolo conversava com a esposa, gesticulava. Parecia mostrar algo errado
no time do Flamengo. Naquele momento, Joe Smith acertava bola de três e
os paulistas traziam a diferença para 35 a 30. Sem entender muito a
queda de rendimento do Flamengo, ele coça a cabeça, leva as mãos ao
rosto. Só fica aliviado e volta a bater palmas quando Marquinhos
infiltra, faz bonita jogada e marca mais dois pontos para o Rubro-Negro.
Lá se vão mais aplausos e o fim do primeiro tempo de sofrimento.
Segundo quarto deixa Oscar nervoso nas arquibancadas (Foto: André Durão) |
Tietagem atrasa Oscar
Na
volta do intervalo, Oscar se atrasou. Na área vip, fora das
arquibancadas, o percurso de 20 metros vira uma avenida. São fotos,
pedidos de autógrafos. Até mesmo quando chega nas arquibancadas, Oscar
não consegue se concentrar no jogo. São pedidos e mais pedidos. Todos
atendidos. Quando se vira para a quadra, já com quase três minutos de
partida no quarto, o placar está em 50 a 50. Para desespero do Mão
Santa, o Pinheiros ainda pula na frente, com 56 a 55. A tranquilidade só
volta no fim do quarto, quando os paulistas cometem falta flagrante, e o
Flamengo passa novamente na frente. Era hora de se desligar de novo e
acompanhar com o rosto a festa da torcida.
- Quem não quer uma foto com ele. Ao lado do ídolo? - diz um torcedor, feliz com a foto ao lado de Oscar.
Coração 100% e festa do título
O
último quarto colocou em prova o coração de Oscar. O jogo era lá e cá e
o Mão Santa não perdia um lance. Lá de cima, viu Olivinha, equilibrado e
sem marcação, desperdiçar cesta para três pontos. Típica bola que o
camisa 14 certamente "mataria". O rosto, indo de um lado para o outro,
era clara expressão de desagrado. Faltando quatro minutos para o fim do
jogo, Marcelinho decide mais uma bola e empata o jogo em 70 a 70. Oscar
não se levanta, mas os aplausos são os mais efusivos da noite. Ele
festeja mesmo. Em seguida, Marquinhos crava, e o Mão Santa não se
controla mais. A emoção já estava aflorada, e seu coração, passando pelo
teste. No fim, com a confirmação do título e a vitória por 85 a 78, ele
se levanta, bate palmas sem parar. Sorri, manda recados para os
jogadores com gestos com as mãos, recebe cumprimentos. Era como se ele
tivesse conquistado o título ao lado de Marcelinho & Cia. A festa
estava completa.
Oscar viveu dia de torcedor no Ginásio do Maracanãzinho (Foto: André Durão) |
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