De tirar o chapéu: técnico destaca importância de comandar o Rubro-Negro (Foto: Bruno Turano / Agência Estado) |
Por Thales Soares Direto de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia
Nesta segunda-feira, quando completa 61 anos de idade, Jayme de
Almeida vai comandar o treino do Flamengo no centro de treinamento
do Blooming. Será mais um dia de trabalho na vida de alguém que já
passou tantos aniversários longe de seus familiares. O motivo é a
preparação do time para o confronto com o Bolívar, quarta-feira, em La
Paz, pela Taça Libertadores. Ele entende a situação. O fato
de ser o técnico do time foi seu grande presente recebido com
antecedência.
Jayme precisou de longo tempo no futebol depois de se aposentar da
carreira de jogado para assumir o cargo de técnico do Flamengo. Ele já
havia passado duas vezes como auxiliar até ser convidado pela diretoria
atual para assumir o lugar deixado por Mano Menezes, que pediu demissão
em setembro do ano passado.
- Na realidade, comandar o Flamengo foi o grande presente que eu
ganhei. Quando terminei a faculdade, sempre tive o clube como referência
de alto nível do futebol. Tinha jogado aqui, mas já não acreditava que
teria essa oportunidade. Mas, na vida, a gente nunca sabe o que vai
acontecer. E foi de maneira inusitada, com a saída do Mano. Mas se o
resultado não viesse, sequer terminaria setembro. A coisa andou e
consegui. É uma responsabilidade grande, mas me sinto orgulhoso por dar a
minha contribuição a um clube fantástico com uma torcida maravilhosa -
afirmou o aniversariante do dia.
Será mais um aniversário longe da família. A comemoração de Jayme, que assumiu o time no dia
22 de setembro, no empate em 0 a 0 com o Náutico, será com jogadores e companheiros de comissão técnica. O
costume de viver datas importantes fora de seu ambiente fez com que
relevasse, mais uma vez, a situação.
- A vida no esporte é complicada. Não foi só aniversário. No
nascimento da Carla (filha) eu estava fora. Minha avó faleceu e não
consegui chegar para o enterro. Têm essas coisas. Vou estar perto de
pessoas queridas, fazendo um trabalho importante. É a recompensa por não
estar com os familiares - comentou o treinador.
O desafio do momento é intenso. O Flamengo precisa vencer o Bolívar,
em La Paz, para se manter firme na luta por uma vaga nas oitavas de
final. Em caso de derrota, o time pode terminar a rodada na lanterna do
Grupo 7. Mesmo no empate em 2 a 2, no Maracanã, Jayme conseguiu ver
coisas positivas em seu time.
- Não acho complicado (o que aconteceu). É um jogo de futebol. Nosso
time correu, lutou, teve chance de vencer, mas bobeou. Na Libertadores,
não tem muito jogo bonito. Eu não joguei Libertadores, pois na minha
época os clubes não davam tanta importância. A competição cresceu, tem
um apelo grande, dá prestígio e as expectativas são maiores - comentou.
Expectativa de chegar à final da Libertadores
No trabalho realizado até aqui, Jayme fez mudanças no time em relação
ao que vinha sendo feito por Mano Menezes. No entanto, a principal
mudança, que ajudou na conquista da Copa do Brasil, não está nos nomes,
mas na condição que ajudou a criar fora de campo e levou para dentro das quatro linhas.
- A coisa fundamental foi a confiança que eles tinham. Trabalhamos
isso no ano passado. Quando assumi, eles estavam meio para baixo. Hoje,
com todo respeito aos adversários, conseguimos encarar todos de igual
para igual. Eles correspondem mentalmente. Temos jogos difíceis e não
posso afirmar que vamos chegar, pois seria leviano. Mas a expectativa é
de disputar a final (da Libertadores) - explicou.
Nessa campanha para chegar às oitavas de final, o Flamengo poderá
precisar, mais uma vez, do Maracanã. Depois de enfrentar Bolívar, em La
Paz, e Emelec, em Guayaquil, o último jogo da fase de grupos será contra
o León, do México, no Rio.
Jayme de Almeida, no entanto, vê diferenças
no estádio em relação ao seu tempo de jogador.
- Na primeira vez em que você entra, procura referências do passado.
Mas é outro campo. Tem o nome, mas é outro tipo de torcida. Perdeu a
geral, que eu achava muito legal. Não tem nostalgia, porque a vida é
assim. Mas o Maracanã no qual eu jogava era outra história. Está bonito,
mas um pouco mais frio - disse.
Sem a expectativa de festa ou qualquer surpresa na Bolívia, Jayme
procura se concentrar no jogo. Depois, na volta ao Rio de Janeiro, a
expectativa é pela chegada com um bom resultado na bagagem para então
comemorar com a família:
- Não ligo para presente. O que gosto é de estar perto de quem amo.
Não vou poder passar meu dia com eles, mas fazemos a festa depois.
Reunimos todo mundo e contamos histórias. Isso é o que vale.
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