Uma visita para sorrir e fazer sorrir. Quando visitou o Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro, nesta semana, Renato
Abreu era a atração. Estava ali para levar um pouco de alegria a
crianças e jovens que sofrem diariamente com a indefinição do futuro por
problemas cardíacos. Deslumbrados diante do ídolo, porém, os pacientes
não sabiam que o encontro representava uma troca de boas energias.
Enquanto passava de leito em leito, o meia do Flamengo, destaque da
vitória rubro-negra no Fla-Flu de domingo, com dois gols, se dividia
entre fotos, afagos e um filme que teimava em reprisar na cabeça de quem
há pouco mais de um ano viveu o lado oposto.
Em plena atividade e atualmente titular do time de Jorginho, Renato
Abreu teve uma arritmia descoberta em testes de esforço após uma viagem
do Flamengo à Bolívia, pela Libertadores. O diagnóstico colocou em
dúvida sua carreira, mas o alívio não demorou a vir. No dia 10 de março,
o meia realizou uma ablação bem sucedida no coração e cerca de um mês
depois já voltava aos gramados. O retorno à realidade de um hospital o
fez reviver o drama em tom de agradecimento.
- O coração até acelera, bate diferente. Toda vez que lembro, me
emociono. É tanta lembrança que vem na cabeça. Muita coisa. Há um ano
tive o mesmo problema e a gente pensa tanta coisa, sem saber se iria
seguir jogando ou parar. Vêm aquelas coisas de jogadores antigos (que já
pararam por isso). A gente pensa na família, nos amigos. Vejo essas
crianças aqui e tenho três em casa. Fiz até umas loucuras, gravei uns
vídeos... Mas Deus me deu a cura junto com os médicos e voltei a fazer o
que amo.
Muito assediado, Renato Abreu não poupou carinho a pacientes das mais
diversas faixas etárias e diagnósticos. Simpático, se divertiu com
rubro-negros e rivais em repetição de gesto que já tinha acontecido em
2012, quando visitou o mesmo local semanas após ter alta.
- Mesmo sabendo que era um risco, todos (os médicos) me passaram
tranquilidade na época. Também estive no hospital há um ano e lembro de
algumas crianças. Poder ver agora o sorriso, dar essa alegria, recarrega
as baterias. É estimulante.
Desde a cirurgia, Renato, que tem 34 anos, nunca mais sentiu qualquer
tipo de incômodo no coração. O episódio, no entanto, fez com que o
jogador criasse o hábito de realizar uma bateria de exames a cada seis
meses, mesmo que fora da programação do Flamengo. Os dias de angústia
fizeram ainda com que o rubro-negro dividisse a experiência com pais de
jovens internados no local. A principal mensagem passada a cada diálogo
era de tranquilidade.
- Posso passar para os pais que não tem nada de complicado. Hoje em
dia, a medicina está avançada. São procedimentos que têm que ocorrer
para uma vida estável e saúde boa. É importante ter tranquilidade,
estimular os filhos a brincar, praticar esportes, coisas saudáveis. Isso
melhor a autoestima.
Por Cahê Mota
Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário