Andrade lamenta afastamento de Willians e cita influência do Imperador

Andrade está no Paysandu (Globoesporte.com)

Para quem conhece bem o Flamengo e acompanhou de perto os passos de Willians no clube, o momento conturbado  do volante não surpreende. Andrade, que trabalhou com o jogador de 2009 até o primeiro semestre de 2010, lamenta o afastamento de um dos alicerces da campanha do título brasileiro há dois anos. Naquela campanha, Willians se firmou como o principal ladrão de bolas da competição, algo que se repete nesta temporada. Foi também naquele ano que o volante conheceu o estilo de vida de Adriano. A influência, na avaliação de Andrade, contribuiu para a atual fase do jogador. Assim como o Imperador, Willians chegou a pensar em parar de jogar.

-  No primeiro ano ele se empenhava muito nos treinos, mas houve uma época em que deu para perceber que o rendimento caiu. Ele era muito amigo do Adriano, sempre foram muitos próximos. Acho que isso serviu de alguma forma para que algumas coisas acontecessem - lembra o treinador da conquista do título nacional em 2009.

Willians chegou ao Flamengo ganhando R$ 20 mil e atualmente recebe cerca de 500% acima desse valor. O jogador começou a se atrasar nos treinamentos já na primeira temporada. Em uma das vezes, alegou que o pneu do carro furou. Foi multado pela diretoria e se desculpou publicamente.

Elogiado pela eficiência no desarmes, Willians, porém, mostrava certa dose de descontrole em algumas jogadas. Ainda no Brasileirão 2009, foi expulso por acertar uma cotovelada em Márcio Azevendo, então no Atlético-PR. Levou suspensão de dois jogos do STJD. No ano seguinte, mais problemas. Na estreia do time na Libertadores de 2010, nova expulsão por conta de uma cotovelada. O camisa 8 perdeu a cabeça aos três minutos da partida contra o Universidad Católica, do Chile. Sorte dele que o Flamengo conseguiu vencer por 2 a 0, no Maracanã.

- Em 2009, não tive muitos problemas com ele. Se não me engano, chegou atrasado uma vez por conta de um problema no carro. Mas foi punido e se desculpou. Tudo aconteceu muito rápido para ele. Veio do Santo André, chegou no Flamengo, o clube é uma vitrine. Às vezes, o jogador não está preparado, sente falta de alguém para orientar. Ganham dinheiro muito rápido, cedo, acabam se deslumbrando. Quando está no Flamengo, no auge, aparecem muitos amigos, mas são amigos entre aspas. Tem que saber diferenciar o amigo do oportunista, a cidade do Rio oferece mil coisas, tem que ter o pé no chão - acrescenta o treinador.

 Em 2011, a situação se agravou. O volante diz que enfrenta crise na vida particular. No lado profissional, os episódios de indisciplina se tornaram rotina. Protagonizou agressão a Negueba, atrasos e a falta no último sábado, quando não deu justificativa nem para o clube nem para sua mulher, Mariana, grávida de oito meses. O volante simplesmente sumiu.

Em 16 de abril, Willians faltou a uma atividade na véspera do jogo contra o Macaé, no qual ele seria poupado. Na ocasião, Luxemburgo demonstrou irritação.

Em maio, depois de levar um drible de Negueba durante treino no Ninho do Urubu, Willians desferiu cotovelada no companheiro, que deixou o gramado chorando. O volante foi ameaçado de ser barrado da partida contra o Bahia, mas o técnico voltou atrás depois de um pedido de desculpas de Willians.

O jogador tem cometido excessos em sua vida fora das quatro linhas. E a cúpula de futebol tem exata noção disso. O jogador costuma usar suposta concentração antecipada para sair de casa. Por exemplo: o volante disse para sua mulher que o time viajaria para Porto Alegre na sexta-feira, quando, na verdade, embarcaria no sábado, quando ele não apareceu para treinar.

Os atrasos também se tornaram uma constante, principalmente nos treinos de sábado pela manhã. A diretoria perdeu as contas com os problemas do jogador com o relógio. Foram seguidas advertências e multas, e, em algumas ocasiões, os dirigentes até relevaram diante de justificativas apresentadas por Willians.

Andrade torce para que o volante, desta vez, aprenda a lição.

- É uma pena, é um jogador importante para o Flamengo, o maior ladrão de bola no Brasileiro.  Ajudaria muito, como ajudou nesses anos todos. Mas não é a primeira vez. Já foram dadas várias oportunidades a esse jogador. Esse é o problema. Às vezes, você quer ajudar, mas ele próprio não se ajuda. Aí fica difícil - disse Andrade.