Kashima parece ser só mais uma cidade comum do interior japonês. Mesmo
estando na região de Tóquio, guarda as características do país antes do
avanço tecnológico e da expansão comercial. A vida dos 66 mil moradores
caminha em seu passo natural, sem trânsito, sem agito, sem problemas.
Mas, a 10 km do centro, um verdadeiro "santuário" em homenagem a Zico e a
outros jogaddores brasileiros transforma o bucólico local.
A arquitetura arrojada do Kashima Soccer Stadium, construído para a
Copa do Mundo de 2002, com a capacidade de 40 mil lugares, contrasta com
a simplicidade da cidade. Um gigante que fica ainda maior quando são
abertas as portas do museu do Antlers, clube pioneiro e mais popular do
país.
Estátua de Zico na entrada do Kashima Soccer Stadium: idolatria (Foto: Carlos Augusto Ferrari)
São registros históricos sobre o futebol japonês divididos em mais de
dez salas. Tudo está conservado como se tivesse sido produzido ontem,
detalhadamente explicado e organizado. Zico está por todos os lados.
Tudo gira em torno dele e de como ajudou a transformar o futebol local.
São camisas, chuteiras, fotos, cartazes em tamanho real, troféus,
desenhos e uma infinidade de artigos para contar a história dele no
Japão. Desde a chegada ao Sumitomo Metals, ainda amador, até a idolatria
criada com a mudança de nome para Kashima Antlers.O Galinho fez tanto pelo futebol japonês que não precisou de títulos nacionais para virar um mito. Em 1993, perdeu a primeira edição da J-League para o Verdy depois que se irritou com um pênalti, cuspiu na bola e foi expulso. No ano seguinte, prestes a pendurar as chuteiras, ajudou o time a chegar ao terceiro lugar.
Camisa 10 com o autógrafo do Galinho está exposta no memorial (Foto: Carlos Augusto Ferrari)
A idolatria é tanta que Zico ganhou uma estátua na praça em frente aos
portões principais do estádio - há outra no shopping da cidade. Nela,
veste a camisa do Antlers e carrega a bola com o genial pé direito.
Virou parada obrigatória de turistas e ponto de encontro de torcedores.
Abaixo dele foi criada uma calçada da fama, com os pés dos maiores
ídolos que passaram pelo clube.
As ligações com Zico foram capazes até de mudar as cores do clube. O
azul e vermelho usados nos primeiros anos vêm sendo substituídos
gradativamente pelo preto e vermelho. Não por acaso, uma referência ao
Flamengo do seu grande ídolo.
Oswaldo de Oliveira também é reverenciado
(Foto: Carlos Augusto Ferrari)
(Foto: Carlos Augusto Ferrari)
Zico está acompanhado de outros brasileiros nos registros históricos do
Antlers. O lateral-direito Jorginho, o volante Toninho Cerezo (atual
treinador), o meia Leonardo e o atacante Bismarck são os mais
reverenciados, evidentemente sem o mesmo peso do Galinho.
Os treinadores também são lembrados, principalmente Oswaldo de
Oliveira, tricampeão nacional entre 2007 e 2009. Paulo Autuori, hoje
adversário com o São Paulo na Copa Suruga, também é citado pela passagem
que teve em 2006, logo depois de conquistar o Mundial de Clubes pelo
Tricolor paulista.
Kashima está longe de parecer com o Brasil ou de ser um paraíso para
jogadores brasileiros. Mas a paixão pelo futebol é a mesma, sobretudo
por um certo camisa 10.
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