O diretor de futebol do Flamengo, Zinho, reconheceu nesta terça-feira que o momento do clube é conturbado e de pressão, mas procurou minimizar a crise. Joel Santana, por sua vez, admite que o o clima é dos mais pesados. Em entrevista à Rádio Globo, nesta terça-feira, o treinador, que está em sua quinta passagem pelo clube, disse que já viveu situações piores no Rubro-Negro, mas foi enfático ao definir a fase atual.
- A coisa está insuportável.
Joel, de pé, ao lado de Deivid, Ibson, Welinton e Paulo Sérgio (Foto: Ivo Gonzalez / Agencia O Globo)
Joel está incomodado com o vazamento de informações. Ele nega que tenha problemas de relacionamento com os atletas e que esteja infeliz à frente do clube. Nesta terça, Zinho reuniu jogadores e comissão técnica no gramado principal do Ninho do Urubu para lavar a roupa suja.
- Toda hora sai que brigo com isso, brigo com aquilo, que eu estou triste, magoado. Não estou triste, estou trabalhando no Flamengo. Não estou satisfeito com os resultados, mas estamos trabalhando, então é melhor ficarmos calados e continuar trabalhando para não dar notícia errada para a nossa torcida – disse Joel.
Ronaldinho Gaúcho, liberado para ir a Porto Alegre visitar a mãe recém-operada, não participou da conversa. Na entrevista, Joel Santana disse que o jogador é um assunto para Zinho tratar. Elogiou o camisa 10, mas disse que ele não é insubstituível.
- Questionar o trabalho do Ronaldo é brincadeira, é querer me jogar contra os jogadores e a torcida, mas não vão conseguir. A proposta é que ele apresente o futebol que estamos acostumados a ver. Mas se isso não acontecer, tenho de tomar decisões, sou o treinador.
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
Clima conturbado
- O Flamengo é assim, as coisas crescem de tal maneira que nem é bom ficar falando muito. Quanto mais falarmos pode sair algo que nunca agrada a todo mundo. E meu modo de trabalhar não é assim. Não gostamos de sairmos de duas competições em que erramos erramos muito, mas com o tempo de trabalho estamos reformulando a equipe, estamos fazendo um plantel, não um time. E isso não se faz da noite para o dia. Vivemos há muito tempo o Flamengo, e encontramos o time em situações piores até, mas agora a coisa está insuportável. Toda hora sai que brigo com isso, brigo com aquilo, que eu estou triste, magoado. Não estou triste, estou trabalhando no Flamengo. Não estou satisfeito com os resultados, mas estamos trabalhando, então é melhor ficarmos calados e continuar trabalhando para não dar notícia errada para a nossa torcida. Estou nessa vida há muito tempo, todas as vezes que vim para o Flamengo, disse que não vim fazer promessa, mas para trabalhar com muita honestidade, o tocedor me conhece muito bem. Vou ouvir os comentários, as críticas, e aceitar quando é c=onstrutiva, e não, quando não é.
Relação com Zinho e com jogadores
- Tenho conversado com Zinho, que está aqui há pouco tempo (chegou em 11 de maio), mas temos conversado todos os dias. Ele vai me ajudar, é um braço direito, estou tendo a facilidade de ter o Zinho ao meu lado. Antes, não. Estava havendo uma distância muito grande entre mim e a diretoria. Mesmo assim toda vez que encontrei com a presidente (Patricia Amorim), foi colocado, e não é de agora, aquilo que acho, penso e vejo do Flamengo. Não quero vir para o Flamengo e não deixar, como sempre, um trabalho pronto, não vim fazer turismo. Quando o Flamengo foi me buscar, sabia quem estava buscando, sou um profissional sério, tenho 30 anos de carreira, não vim aqui para contar história, para ficar fazendo média com ninguém, por respeito à torcida, à direção. Mas já me botaram brigando com três jogadores, não brigo com ninguém. O Ronaldinho foi falar comigo, o Vagner (Love) e o Deivid também. Aí todo dia alguém traz pra mim uma polêmica. E estou num clube deste porte que confia no meu trabalho. Se achar que está certo, está certo, se achar que está errado, está errado. Vamos fazer um grupo forte no Flamengo, com alguns profissionais que estamos contratando junto com rapazes que gozam do nosso prestígio, mas não se faz uma equipe da noite para o dia. Agora, ficar dizendo que estou chateado é brincadeira. Não vou ficar rindo com meu time saindo de Libertadores e do Carioca da forma como saímos. Me chamam de retranqueiro, e meu time toma três gols. Mas se não estiver feliz de estar no Flamengo, vou estar onde? Trabalho num dos maiores clubes do mundo. Ficar dizendo que estou triste? Que isso, onde nós estamos? Vamos analisar melhor as notícias. Disseram que não fui em campo em dez dias, mas os jogadores estavam fazendo testes com o Ronaldo Torres (preparador físico), e eu estava vendo fitas e mais fitas de jogadores. E aí se cria uma coisa enorme.
Joel triste?
- Quero deixar claro que estou satisfeito, feliz. Não estamos num momento bom. No jogo passado, era para a agente acabar o primeiro tempo com dois ou três gols de vantagem. O Ibson teve bola para matar o jogo, depois a gente teve um pênalti que o juiz não marcou, a bola bateu na mão do cara dentro da área, Ronaldo teve outra chance. Questionar o trabalho do Ronaldo é brincadeira, é querer me jogar contra os jogadores e a torcida, mas não vão conseguir.
Vazamento de informações
- Esse alguém que a gente quer saber quem é que está passando esse noticiário todo, que não é verdadeiro. Se estão falando com Deivid, Vagner, Ronaldo, tem algum problema com o homem. Comigo se resolve assim, olho no olho. Com o Romário sempre foi assim, começamos amigos e somos amigos até hoje, porque resolvíamos as coisas assim.
Ronaldinho Gaúcho
- Agora, tudo o que acontece e for relacionado ao Ronaldo está nas mãos do Zinho, não só com o Ronaldo, mas com todo o grupo. O Ronaldo acima de tudo é um grande jogador, um astro que encantou todo o mundo. Agora mesmo vocês falaram que estão vendendo ingressos para o jogo da Seleção em que era para ele estar lá e não está. Estamos esperando ele nos encantar aqui no Flamengo também, mas tem coisas que não posso responder por ele. O Zinho responde, ele falou comigo que vai tomar frente disso para eu não ficar me desgastando mais com esse tipo de noticiário que estão direcionando. Para não haver um desgaste do profissional por várias notícias que estão acontecendo. Ele está todos os dias comigo, acabei de sair do treinamento e alinhavamos situações de trabalho e treinamento até o jogo contra a Ponte Preta (em 6 de junho). Ele poderá responder melhor do que eu. Não tenho de trabalhar com o coração, mas com a razão. Tenho atrás de mim a torcida, a direção e o grupo de jogadores. A proposta é que ele apresente o futebol que estamos acostumados a ver. Mas se isso não acontecer, tenho de tomar decisões, sou o treinador. Isso não só com ele, mas com qualquer jogador. O Flamengo quer resultado. Tratamos e estamos conversando com a razão. Se estiver bem, tudo bem, é isso que nós queremos, estamos torcendo para isso, mas tenho de tomar decisões quando ele não estiver bem.
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