Duda Machado brilhou no terceiro quarto da partida contra o São José (Foto: Celso Pupo / Ag. Estado) |
O carrasco estava lá outra vez, com os olhos brilhando. Doido para
impor ao Flamengo o mesmo gosto amargo da temporada passada e exatamente
na semifinal. São José tinha a confiança de quem já havia derrubado o
tricampeão Brasília nas quartas, dentro da casa do adversário. Queria
fazer o mesmo com o Rubro-Negro. Não desta vez. Não na Arena da Barra.
Neste sábado, Duda, Marquinhos e seus companheiros mostraram quem
mandava naquele pedaço e escreveram um novo final para o roteiro.
Venceram por 88 a 76, fecharam a série em 3 a 2 e ganharam o direito de
enfrentar o Uberlândia, que venceu a melhor de cinco contra o Bauru por 3 a 0, na grande decisão do NBB 5.
O palco vai ser o mesmo, já que o Flamengo foi dono da melhor campanha
da fase de classificação da competição. A partida será disputada no
próximo sábado, às 10h (de Brasília) e terá transmissão ao vivo da TV
Globo e do SporTV. O GLOBOESPORTE.COM acompanha em Tempo Real, com
vídeos.
No jogo do tudo ou nada, Duda Machado roubou a cena. Deixou o banco de
reservas e passou a ser a melhor opção ofensiva, principalmente no
terceiro quarto. Dos 26 pontos anotados pelo ala-armador, 18 foram em
bolas de três. Além dele, o ala Marquinhos também se destacou com um
duplo-duplo (13 pontos e 11 rebotes). Do outro lado, Murilo foi o maior
pontuador, com 23.
- Quando o jogador sente que está indo bem nas bolas de três pontos, é
bom arriscar mais. Agora é pensar na decisão contra o Uberlândia. Espero
ajudar a equipe a sair com a vitória - disse Duda.
O clima de tensão que se esperava para a partida por causa da confusão
no confronto anterior, não se confirmou em quadra. A briga foi na bola.
Começou e terminou ali.
- Não entramos bem no terceiro quarto, erramos muito. O Flamengo foi
bem e mereceu a vitória. Viemos aqui brigar pela classificação, mas
sabemos que nada terminou por aqui e ainda vamos fazer história no NBB.
Queria mandar um abraço para o São José e a torcida que sempre nos apoia
- admitiu o ala-pivô Jefferson.
O jogo
Olivinha pula para o arremesso na frente de Jefferson (Foto: Alexandre Vidal / Flaimagem) |
A recepção foi pouco calorosa. Assim que apontaram na entrada da Arena
para o aquecimento, os jogadores de São José ouviram vaias. Nada que se
comparesse às destinadas a Fúlvio. Diante delas, o armador reagiu com um
sorriso. Sabia que seria assim durante todo a partida, depois das
confusões nos jogos 3 e 4. Sabia também que o canto da torcida seria um
combustível e tanto para o adversário. Se ela pedia para que a festa
começasse, eles obedeciam.
Primeiro foi Marquinhos. Depois, Kojo, Olivinha, Caio e Benite. O São
José tinha trabalho para tentar frear os anfitriões. Do outro lado,
Murilo e Dedé eram os únicos com a mão calibrada. Concentrado e com
consistência nas duas tábuas, o time da Gávea abriu 21 a 15. Se não
conseguia passar pela forte defesa, Laws arremessava de longe e diminuía
para os visitantes. Murilo não tinha o mesmo problema. Partiu para
dentro do garrafão e cortou a diferença para apenas um ponto e ela se
manteve assim no fim do primeiro quarto: 23 a 22.
A virada de São José viria no comecinho do período seguinte. Mas durou
pouco. Benite devolveu ao Rubro-Negro o comando do marcador (27 a 24) e
no lance seguinte deixou a quadra par receber atendimento, ao sentir
dores na parte posterior da coxa direita. Sem ele, e com apenas
Marquinhos do quinteto titular em ação, o ataque do Flamengo não fluía
mais como antes. A equipe desperdiçava ataques e Murilo & Cia
tiravam proveito disso (38 a 32).
Era hora de tentar colocar ordem na casa. Tempo para o técnico José
Neto. Aos pouquinhos, o time foi respondendo e com Duda. Não sem susto.
Após converter uma cesta, o ala-armador voltou para o campo de defesa,
escorregou e levou a mão ao joelho. Seus companheiros prenderam a
respiração. Garantindo que estava bem, pediu para ficar em quadra e
partiu para o ataque. Lá na frente, matou mais uma bola da linha de
três, que ajudou o Flamengo se aproximar: 42 a 39.
Empurrado pela torcida, Flamengo embala
Na volta do vestiário, a torcida fez sua voz ainda mais alta. Pedia que
o Flamengo fosse para cima. Ele foi. Com Kojo e Duda. Os anfitriões
estavam no comando outra vez. Do banco, Benite vivia um drama. Queria
voltar, mas era orientado a avaliar bem o tamanho da dor que sentia.
Enquanto isso, seus companheiros lutavam, conversavam, buscavam os
ajustes para manter as rédeas da partida. Para melhorar a situação,
Murilo que tinha 16 pontos na conta, cometeu a quarta falta e foi
chamado para o banco por Régis Marrelli.
Mesmo sem seu principal jogador e com a desvantagem de cinco ponto, o
São José não se abatia. Fúlvio, até então zerado, fez sua primeira cesta
e fez a equipe encostar (51 a 50). Mas passar... O Flamengo resistia à
reação. Se a situação estava complicada era só procurar por Duda. De
três, de bandeja, as bolas tinham endereço certo (66 a 57). Para
completar, Marquinhos também deixou a sua, de três, no último segundo do
terceiro quarto. A torcida agradecia: 69 a 58.
Foi a senha para Murilo voltar ao jogo. Só que o São José pecava nos
ataques e já se mostrava mais preocupado em reclamar com a arbitragem.
Do outro lado, o adversário mantinha os nervos sob controle e foi
construindo uma frente confortável (86 a 69). Os dois lances livres
despediçados por Fúlvio eram o retrato do São José naquele momento. Não
se encontrava, via o Flamengo dominar as ações. Ouvia a torcida cantar a
vitória antes do tempo e gritar "Adeus, Fúlvio". Não havia mais o que
fazer. A segunda vaga na final já tinha dono e era o time da Gávea.
- Chegar a uma final tem um sabor incrível. Depois de tanto treino,
tanta dedicação e viagens, uma vitória como essa faz valer todo esse
esforço - comemorou o ala Marquinhos, que nas últimas duas temporadas
parou na semifinal.
Mesmo com a derrota e a eliminação no NBB, o armador Fúlvio, um dos pilares do São José, elogiou o esforço do seu time.
- Tenho muito orgulho dessa equipe, que superou diversos problemas na
temporada e chegou até aqui, no quinto jogo da semifinal contra a melhor
equipe da fase de classificação. Infelizmente, nos playoffs, se você
tem a pior campanha você precisa jogar menos partidas em casa e isso,
com certeza, fez a diferença nessa série.
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