No campo, tudo começou no dia 13 de maio de 1913, no estádio de General
Severiano, quando Botafogo e Flamengo se enfrentaram pela primeira vez
numa partida de futebol. O gol do atacante chamado Mimi, aos 26 minutos
da etapa inicial, dava a vitória alvinegra ao confronto. O Flamengo só
venceria o rival dois anos depois, em 1915. Ao longo dos anos, a rixa
construída acabou emprestada à alcunha nem tão conhecida assim. Mas o
Clássico da Rivalidade já existia no remo, desde o fim do século 19. E
por causa de mulher. Os jovens dos bairros de Flamengo e Botafogo,
situados na Zona Sul do Rio e vizinhos, duelavam pelas garotas mais
bonitas.
Levavam vantagem pelo físico os remadores do Grupo de Regatas Botafogo -
depois Club de Regatas Botafogo, fundado em 1894, que em 1942 se juntou
ao Botafogo Futebol Clube, criado em 1904, para originar o atual
Botafogo de Futebol e Regatas. Os garotos rivais resolveram reagir e
criaram o Grupo de Regatas do Flamengo, em 1895, depois Clube de Regatas
do Flamengo, que em dezembro de 1911 abriu as portas para o futebol ao
receber os rebelados do Fluminense.
É. Flamengo e Botafogo se interligam em suas histórias. O mais curioso
de tudo é que, antes de formarem times de futebol, deram o pontapé
inicial no esporte com um amistoso... Na verdade uma pelada entre os
remadores. Foi em 25 de outubro de 1903, antes da fundação do Botafogo
Futebol Clube. O time, formado por W. Schuback, C. Freire e Oscar Cox;
A. Shorts, M. Rocha e R. Rocha; G. Masset, F. Frias Júnior, Horácio
Costa Santos, N. Hime e H. Chaves Júnior, goleou o Flamengo por 5 a 1 no
campo do Paysandu. Alguns dos atletas alvinegros, como Oscar Cox,
integrariam depois o time de futebol do recém-fundado Fluminense. Que
depois sofreria uma ruptura e originaria o do... Flamengo.
O centenário da rivalidade, que será completado nesta segunda-feira e
começa a ser contado pelo GLOBOESPORTE.COM neste sábado, é feito de
goleadas históricas, grandes craques e muita emoção. Dá para montar uma
seleção mundial dos dois clubes: Manga, Carlos Alberto Torres, Leandro,
Domingos da Guia, Nilton Santos, Junior, Marinho Chagas, Andrade, Didi,
Zizinho, Gerson, Adílio, Zico, Garrincha, Heleno, Jairzinho, Romário,
Leônidas da Silva, Paulo Cezar Caju, Amarildo, Quarentinha, Zagallo,
Bebeto, Adriano, Loco Abreu, Silva Batuta, Almir, Dida, Túlio Maravilha,
Donizete, Perácio, Nilson Dias, Gil, Dirceu, Mendonça, Doval, Nunes,
Maurício, Nilo Murtinho, Nonô, Carvalho Leite, Moderato, Joel, Fischer,
Mozer, Rubens, Bruno, Jefferson, Dodô, Léo Moura, Seedorf, Lodeiro...
No
sentido horário, grandes personagens do clássico: Manga. Zico, Didi e
Zagallo com o Bota de 1961-62, depois Túlio Maravilha, Seedorf, Loco
Abreu, Bruno, Léo Moura, Adriano, Romário (Foto: Editoria de Arte)
Botafogo e Flamengo decidiram cinco vezes o Campeonato Carioca (1962,
1989, 2007, 2008 e 2009) e apenas uma vez o Brasileiro (1992). Em 2010, o
time alvinegro ganhou os dois turnos, o segundo em cima dos
rubro-negros com o gol de pênalti de cavadinha de Loco Abreu, e a
partida não conta nas estatísticas como final. Mas não foram apenas nas
decisões os momentos mais marcantes. O clássico tem uma história de
euforia e dor de duas goleadas - uma para cada lado - por 6 a 0 num
espaço de nove anos, entre 1972 e 1981. E mostra um equilíbrio tão
grande de forças a ponto de uma vantagem em vitórias ser invertida com o
tempo.
O 'bicho certo' de Manga
Por muitos anos os rubro-negros foram fregueses de carteirinha dos
alvinegros. A ponto de, nos anos 1960, década em que o Botafogo montou
dois timaços, o goleiro Manga, um dos principais personagens da equipe
bicampeã carioca de 1961-62, base da Seleção bicampeã do mundo no Chile,
declarar sempre às vésperas das partidas que gastaria o bicho
antecipadamente, porque "jogar com o Flamengo é bicho certo".
- Eu dizia que era bicho garantido, e a gente ganhava o jogo. Era uma
brincadeira que fazia. E o Botafogo tinha grandes jogadores, como o
Amarildo. Mas tínhamos consciência que era difícil enfrentar o Flamengo
durante os noventa minutos - afirmou Manga, hoje com 76 anos, um dos
primeiros a encarar com bom humor a rivalidade.
Manga, que hoje vive no Equador, citou apenas o Possesso, como era
conhecido Amarildo. Mas o time tinha mais. Muito mais. Tinha Garrincha,
que fez algumas de suas maiores exibições contra o Flamengo.
Principalmente na decisão carioca de 1962, quando marcou os três gols da
vitória por 3 a 0 (na súmula, um dos gols foi dado a Vanderlei, contra,
mas nos tempos de hoje seria certamente conferido para o Mané).
- Raramente vi derrota para o Botafogo, mesmo naquele tempo. Porque eu
não ia também (risos). Mas no 3 a 0 do Garrincha eu fui. Três gols dele.
Um foi meio contra, a bola bateu no Vanderlei. Era um timaço. A linha
era Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Pampollini no
gol... Por causa dessas coisas, eu queria sempre ganhar do Botafogo.
Tinha a freguesia, por causa do Manga. Quando você é torcedor, sente
mais. Ele chegava sempre e dizia "Vou gastar o bicho na véspera." E eles
iam lá e ganhavam mesmo - afirmou Zico, maior artilheiro do Flamengo no
clássico, com 20 gols, e o grande responsável pela geração que
inverteria a "freguesia" nos anos 1980.
Jairzinho
marca um dos três gols na goleada por 6 a 0 do Botafogo sobre o
Flamengo em 1972. Furacão do tri em 70 é um dos carrascos do
Rubro-Negro, com 16 gols em 35 partidas (Foto: Arquivo / Agência O
Globo)
A letra do Furacão nos 6 a 0
Zico jamais escondeu que era com o Botafogo a sua maior rivalidade.
Principalmente após os 6 a 0 do dia 15 de novembro de 1972. Dia do
aniversário do Flamengo, que completava 77 anos. a partida era pelo
Campeonato Brasileiro. Na época, já juvenil, não foi aproveitado nessa
partida pelo então técnico Zagallo. E o massacre alvinegro foi tão
grande que teve até gol de letra, marcado por Jairzinho, autor de mais
outros dois.
- Foi um momento especial porque o Botafogo era melhor. E tinha
jogadores campeões mundiais. O gol de letra foi um recurso. Aconteceu a
jogada do Zequinha. Cheguei atrasado, e a bola passou pelo meu
posicionamento. Fiz o que podia, e o movimento acabou em gol. Mas não
houve má intenção. Queria era ter sucesso na carreira, ser útil para a
Seleção. Ganhei uma Copa, hoje sou coroado, o único a marcar em todos os
jogos. Tive o apelido de Furacão, a Europa me consagrou como melhor
jogador de 70. Meu objetivo era chegar ao máximo do estrelato, e
cheguei. Não tinha essa coisa de rivalidade. Sempre tive muito respeito
pelos adversários - afirmou Jairzinho.
Andrade
marca o sexto gol, e Flamengo devolve o 6 a 0 ao Botafogo em 1981:
geração de Zico, Nunes e Cia. inverte a 'freguesia' no número de
vitórias (Foto: J. Marinho / Arquivo Agência O Globo)
Andrade, vingador da camisa 6
A partida teve sabor especial para o torcedor alvinegro, que durante
anos estendia a faixa no Maracanã a cada clássico com o rival: "Mengo,
nós gostamos muito de vo6." Um deles, de longe, torceu como nunca
naquele jogo pela TV. Em Minas, o garoto Jorge Luis Andrade sonhava
pisar um dia no Maracanã e seguir a carreira dos ídolos. Só não poderia
imaginar que, nove anos depois, seria personagem do troco, do jogo da
vingança. Volante do Flamengo campeão mundial, da Libertadores e daquele
carioca de 1981, quando marcou o sexto gol da goleada rubro-negra por 6
a 0. Com a camisa 6.
- Eu torcia para o Botafogo lá em Minas. Era o time sensação da época,
com o Jairzinho e todos aqueles craques. Todo mundo gostava de ver.
Lembro de alguns detalhes daquele jogo, do último gol do Jairzinho, de
letra. Mas cheguei muito cedo ao Flamengo. Fiquei na base 15 anos, mais
dez como profissional, mais oito como funcionário. Aí essa relação muda
completamente. E aquele jogo representou muito para a torcida e para
nós, jogadores. Tinha aquela faixa velha, rasgada: "Nós gostamos de
vo6." A grande forma de o botafoguense sacanear era aquele 6 a 0. A
grande vontade era devolver. Aquela faixa sumiria, como realmente sumiu.
Hoje, você não ouve nenhum botafoguense dizer isso. O que fica é a
última.
Andrade jogou também na vitória rubro-negra de 6 a 1 em 1985, também
pelo Brasileiro, quando o grande personagem foi o lateral-esquerdo
Adalberto, autor de dois gols. Mas a partida de 1981 é muito mais
lembrada. E o eterno camisa 6 disse que o time só pensou em devolver a
goleada de 1972 no intervalo, quando virou vencendo já por 4 a 0. Era a
chance, segundo o ex-jogador, de o time "lavar a alma da torcida".
- Com tanto artilheiro em nossa equipe, fui o "escolhido" para fazer o
sexto gol. Sempre fiz alguns de fora da área. Numa jogada antes, tinha
dado um chute. Até brinquei que foi só para aquecer. Depois, foi numa
jogada bem típica do Flamengo, com troca de passes. Ela dá uma
quicadinha antes e eu acerto de bate-pronto. Foi só alegria. Na hora,
você não pensa. Entra em órbita. É como se estivesse sozinho no deserto.
É como ganhar na loteria sozinho. Eu corri pro lado oposto ao túnel. Em
vez de correr pra geral, corri pro outro lado. Foi mais um título para
nós.
Maurício
leva a melhor sobre Leonardo, faz o gol e dá o título carioca de 1989
ao Botafogo, quebrando jejum de 21 anos sem título: momento histórico no
Maracanã (Foto: Marcos André Pinto / Arquivo Agência O Globo)
Maurício e a camisa 7
Se Andrade lembra até hoje com emoção do sexto gol do jogo da vingança,
o que dizer do alvinegro Maurício? Oito anos depois da catarse do
ex-volante rubro-negro, o ex-ponta-direita do Botafogo viveu também a
sua no Maracanã ao livrar o clube do jejum de 21 anos de títulos
justamente numa decisão de Carioca com o rival. E foi uma das finais
mais emocionantes da história do estádio. O Flamengo era treinado por
Telê Santana e ainda tinha Zico. Aos 12 minutos do segundo tempo, o
camisa 7 livrou-se de Leonardo e mandou para o fundo das redes.
- É uma data que ficou marcada não só para os botafoguenses, mas para o
Maracanã. Foi uma decisão em que os torcedores do Fluminense torciam
para o Botafogo, os vascaínos também. Foi uma emoção generalizada, não
só para os botafoguenses, mas para todos. Um cara beijou meu pé dia
desses no shopping. Outro me disse que pôs o nome do filho como Maurício
por minha causa. São coisas de que a gente só tem noção com o passar
dos anos. Foi uma conquista muito grande. Tive amadurecimento, fui para a
Espanha, fui para a Seleção, tudo por causa do Botafogo.
Campeão também no Internacional e no Grêmio, depois na Coreia,
Maurício, botafoguense declarado, afirmou que nada se compara a ganhar
um título com a camisa 7 alvinegra vestida um dia por Mané Garrincha. E,
ao contar a história que teve com Nilton Santos naquela quarta-feira de
21 de junho de 1989, não escondeu o choro de emoção, mesmo por
telefone.
- Esse título para mim marcou a história. Eu estava febril. Não pude
tomar nenhum tipo de medicação. Na terça-feira, fiquei mal. Na quarta,
falei que não ia jogar. Meus companheiros falaram: "Nós vamos jogar por
você. Você tem que estar no campo. Você faz gol contra o Flamengo". Isso
foi de uma importância muito grande. Valorizou muito. foi aquele senso
de grupo. E, para minha vida, o grande personagem foi o Nilton Santos.
Quando cheguei ao vestiário, ele me viu, estendeu as mãos, me abraçou e
disse: "Filho, Mané Garrincha vai estar com você."
Show e desabafo do Mané
Parecia realmente que Garrincha estava naquela camisa 7 em 1989. Tal
como em 1963, quando o Mané teve uma das maiores atuações de sua
carreira - por sinal, uma das últimas antes da decadência originada,
principalmente, pelas sucessivas lesões e o álcool. E, curiosamente,
naquela ocasião, ao contrário da euforia de Maurício, o Mané fez um
desabafo ao "Jornal do Brasil" após a partida, em resposta às críticas
dos torcedores e da crítica.
Garrincha é um dos grandes personagens do
clássico Bota x Fla (Foto: Agência O Globo)
clássico Bota x Fla (Foto: Agência O Globo)
- Acho que foi a primeira vez que fiquei inteiramente livre de
tratamentos e fiz todo o treinamento normal do time. Entrei em campo
para ganhar o jogo e tenho a certeza que fui bem. Hoje, até os que já
não acreditavam em mim estão me empurrando de novo para o pedestal. Fico
contente, é lógico, mas como sempre não me considero melhor do que
ninguém. Faço o que posso. Tenho meus títulos e deles me orgulho muito,
mas aprendi uma coisa: ser ídolo é um engano. Não há nada mais falso. Os
que hoje erguem vivas, amanhã, com mais facilidade, apedrejam. A mim
não escondo, me feriram e muito. Mas tudo já passou. Peço apenas, que de
agora em diante, ao menos respeitem minha vida particular. E quero que
todos saibam que nunca, nem no passado nem no futuro, deixarei de dar
todo o meu melhor esforço para a glória do Botafogo. Repito o que tenho
dito muitas vezes: estou bem no Botafogo, nunca pedi para ser vendido,
nem fiz exigências descabidas - afirmou Garrincha, na época.
A
corrida desengonçada, como um garoto: Junior comemora o primeiro gol
do empate por 2 a 2 que garante o pentacampeonato brasileiro ao Fla na
final contra o Botafogo (Foto: Agência Estado)
O penta do Vovô Junior
Anos depois, Garrincha vestiria a camisa rubro-negra, mas sem o brilho de antes. Ídolo alvinegro, ídolo do mundo, jogou 38 clássicos contra o Flamengo. O mesmo número de Zico. Os dois só perdem para Nilton Santos, que disputou 40, e Junior, com 41, o recordista de jogos, que viveu uma de suas maiores emoções na única final de Brasileiro entre os dois clubes, em 1992. Com 38 anos, foi o grande comandante em campo da equipe que venceu a primeira partida por 3 a 0 e depois empatou a segunda por 2 a 2, resultados que garantiram o penta brasileiro.
Anos depois, Garrincha vestiria a camisa rubro-negra, mas sem o brilho de antes. Ídolo alvinegro, ídolo do mundo, jogou 38 clássicos contra o Flamengo. O mesmo número de Zico. Os dois só perdem para Nilton Santos, que disputou 40, e Junior, com 41, o recordista de jogos, que viveu uma de suas maiores emoções na única final de Brasileiro entre os dois clubes, em 1992. Com 38 anos, foi o grande comandante em campo da equipe que venceu a primeira partida por 3 a 0 e depois empatou a segunda por 2 a 2, resultados que garantiram o penta brasileiro.
Nesse jogo, houve uma tragédia momentos antes de os times entrarem em
campo. As grades que ficavam no primeiro degrau das arquibancadas
cederam. Muitos torcedores do Flamengo caíram. Três pessoas morreram e
90 ficaram feridas. Depois, o jogo foi realizado normalmente. E o time
rubro-negro foi campeão.
- Acho inclusive que o 2 a 2 foi mais emocionante que o 3 a 0. O
Maracanã era todo rubro-negro, até pelo resultado da primeira partida.
Dava para perceber o nosso clima pela minha comemoração no gol de falta.
Corri todo desengonçado de tanta emoção.
Heleno alvinegro, Zagallo dividido
Junior perdeu um gol feito, mas isso dificilmente acontecia com Heleno
de Freitas num Botafogo x Flamengo. O polêmico atacante, destaque do
time nos anos 1940, é o maior artilheiro do clássico, com 22 gols e
atuações épicas, como a que marcou quatro gols na vitória por 6 a 4, em
1946. Mas nunca foi campeão com a camisa alvinegra. Coisa que não
aconteceu com Mario Jorge Lobo Zagallo.
Tricampeão carioca pelo Flamengo em 1953-54-55 como ponta-esquerda ao
lado de Joel, Dida, Evaristo e Rubens e com dois Cariocas como
treinador, em 1972 - quando tinha Doval e Paulo Cezar Caju - e em 2001 -
contando com Petkovic e Edilson -, repetiu a dose no Botafogo. Na ponta
esquerda do mítico time do começo dos anos 1960, formava a linha com
Garrincha, Quarentinha e Amarildo e sagrou-se bicampeão carioca em
1961-62. Depois, foi o treinador no outro bi carioca na mesma década, em
1967-68, quando Gerson, Jairzinho, Paulo Cezar Caju, Roberto Miranda,
Rogério e Sebastião Leônidas eram os outros craques. Mas quando
perguntam para que time torce, sai pela tangente.
- Eu sou seleção brasileira. Sempre tive um ambiente muito grande no
Flamengo e o outro grande no Botafogo. Sendo que no ambiente do Botafogo
eu atravessei as duas grandes fases como jogador e como treinador. A
minha vida como treinador eu comecei no Botafogo. Foi até o doutor Nei
que me convidou para seguir o caminho de técnico. Foram os dois grandes
clubes. Mas sempre que me perguntam, eu digo: “Sou os dois.” Minha vida
foi Seleção.
Romário, Túlio, Loco Abreu...
.Zagallo se dava tão bem nos dois clubes que jamais se deixou envolver
pelo forte clima de rivalidade, que cresceu nos últimos anos com as
últimas decisões. Nos anos 1990, Romário e Túlio Maravilha rivalizaram
na preferência dos cariocas e na artilharia. No confronto direto, o
Baixinho levou a melhor na final da Taça Guanabara, quando fez os três
gols da vitória por 3 a 2, único triunfo rubro-negro no ano do
centenário. E o camisa 11 tornou-se o segundo maior goleador dos
rubro-negros nesse clássico, com 12 gols, perdendo apenas para Zico.
Loco Abreu comemora a cavadinha do título no pênalti: Bota vence Fla no Carioca 2010 (Foto: O Globo)
Mas no século 21 a rivalidade cresceu ainda mais. Em 2007, 2008 e 2009,
os dois clubes decidiram o Estadual, e o Flamengo sagrou-se tricampeão.
Em 2007 e 2009, a partida, empatada no tempo normal, foi para os
pênaltis, e brilhou a estrela do goleiro Bruno. Em 2008, o Flamengo
venceu a partida final por 3 a 1. Mas a grande polêmica aconteceu na
decisão da Taça Guanabara.
Diego Tardelli fez o gol decisivo aos 46 minutos do segundo tempo na
vitória por 2 a 1, e o time do Botafogo, além do técnico Cuca e do então
presidente Bebeto de Freitas, reclamou do árbitro Marcelo de Lima
Henrique, que expulsou dois jogadores alvinegros, e alguns choraram no
vestiário, dando origem à provocação do "chororô".
Em 2010, o Botafogo quebrou a série do Flamengo. Ganhou os dois turnos,
tal como este ano. E a decisão da Taça Rio, contra o rival, tornou-se
inesquecível. O time venceu por 2 a 1 com direito a gol de pênalti do
atacante uruguaio Loco Abreu, que usou a sua tradicional cavadinha e
superou o goleiro Bruno, até então vitorioso contra o rival nas
penalidades. O atacante conta que sentiu a rivalidade á flor da pele.
- O Botafogo vinha sofrendo nas decisões com o Flamengo, que tinha um
timaço e era dado como favorito. Quando ganhamos, consegui fazer o gol
do título, que foi especial. Mas você só fica sabendo a importância
quando o tempo passa e as pessoas vão lembrando cada vez que estamos na
rua. No dia a dia, dava para perceber que, dos três clássicos que temos,
o mais importante para o torcedor era esse (contra o Flamengo) -
afirmou o atacante uruguaio, de volta ao Nacional, do seu país.
Este ano, o Botafogo levou a melhor no último confronto com o Flamengo.
Com o camisa 10 holandês Seedorf no comando, venceu por 2 a 0, gols de
Júlio Césa e Vitinho, e depois conquistou o Carioca diante do
Fluminense. Mas o duelo promete mais encontros emocionantes. Afinal, foi
num Botafogo x Flamengo em 1997 que os alvinegros venceram os rivais
com o time reserva por 1 a 0. Gol de Renato, conhecido como Pé Murcho.
São histórias como essas que deixam mais viva ainda a rivalidade. Seja
em placares apertados ou goleadas. Que não começaram no duelo dos 6 a 0.
Muito antes, nos anos 1920, os dois clubes já haviam trocado penca de
gols. Em 1926, o Flamengo venceu o Botafogo por 8 a 1. No ano seguinte,
os alvinegros devolveram: 9 a 2. Coisas de um Botafogo x Flamengo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário