sábado, 21 de janeiro de 2012

Fla planeja usar verba de acordo judicial para bancar Ronaldinho

Por Eduardo Peixoto, Janir Jr. e Richard Souza Rio de Janeiro e Sucre, Bolívia
 
Disposto a romper com a Traffic e assumir o salário integral de Ronaldinho – R$ 1,25 mihões inclindo o pagamento de luvas – o Flamengo se apressa e busca alternativas financeiras. Numa reunião realizada na noite desta sexta-feira, no Leblon, Zona Sul do Rio, o vice de finanças, Michel Levy, o marido da presidente Patricia Amorim, Fernando Sihman, e o vice jurídico, Rafael de Piro, analisaram uma possível solução para dar fim ao imbróglio que coloca em risco a permanência do atacante no clube.
Ronaldinho Gaúcho no treino do Flamengo (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)
Flamengo corre para ver um final feliz na novela Ronaldinho Gaúcho (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)
Trata-se do acordo judicial com a Cosan Combustíveis e Lubrificantes S.A. (Esso Brasileira de Petróleo Ltda). Costurado no fim de 2010 por Arthur Rocha, colaborador da gestão de Patricia Amorim e ex-vice geral do clube, ele prevê o encerramento da ação que arrasta-se por quase 16 anos mediante o recebimento de cerca de R$ 7,7 milhões, quantia que representaria metade do valor total do processo. Parte do montante poderia ser usada para quintar os cinco meses de salários atrasados do jogador (R$ 3,75 milhões) ou iniciar uma espécie de “poupança Ronaldinho”.
Em junho de 2009, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou, em segunda instância, que o Flamengo deveria receber R$ 9,7 milhões. Entretanto, a empresa recorreu e o processo entrou na fase pericial. Em dezembro de 2010, o Conselho Deliberativo apreciou e aprovou por unanimidade a proposta de acordo. A Cosan, porém, protelou o cumprimento. A indefinição sobre a forma de pagamento gerou questionamentos do Conselho Fiscal e travou a conclusão. Foram esses pontos que Levy, Sihman e De Piro debateram no encontro. A ideia da atual diretoria sinaliza com um desfecho que promete rachar a política interna do clube.
Outra alternativa está em questão. O Flamengo também poderia realocar o contrato do jogador ao contrato dos direitos de transmissão dos jogos do time.
A reunião da oposição
A intenção de bancar o salário integral de Ronaldinho sem um parceiro não foi bem digerida pela oposição. Na noite de quarta-feira, Marcio Braga, Delair Dumbrosck, Ronaldo Gomlevsky e outros conselheiros se reuniram em um restaurante italiano de Ipanema para discutir a situação do clube. E saíram com uma bandeira levantada pedindo a saída de Ronaldinho.
- Absurdo o valor do salário dele. E imagina como fica o resto do elenco? Alguns têm pendência. Se o Flamengo bancar o Ronaldinho vai aumentar o tumulto – disse Marcio Braga.
Ele explicou o porquê do encontro.
- A reunião não tocou no assunto eleições. As pessoas queriam expor a angústia com a situação do clube. Eu não consigo andar na rua porque todo mundo quando me encontra fala “fora, Patricia”.

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