quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Alto índice de rejeição: Cristóvão volta a ser hostilizado pela torcida em revés

Cristóvão Borges, Flamengo, Flamengo x Vasco (Foto: Gilvan de Souza/ Fla Imagem)Nos jogos mais recentes do Flamengo no Maracanã, Cristóvão Borges era vaiado pela torcida quando tinha seu nome anunciado no estádio antes de a bola rolar. Isso não aconteceu no jogo contra o Vasco, o primeiro do confronto de oitavas de final da Copa do Brasil. Sinal de que o treinador enfim estava sendo aceito nas arquibancadas? Doce ilusão. Não só o nome de Cristóvão, mas os de todos os jogadores passaram "em branco" por outro motivo: empolgados, os torcedores rubro-negros estavam cantando uma música de apoio ao time no momento do anúncio. A realidade no decorrer da partida, principalmente no fim, foi bem diferente.
Cristóvão tem alto índice de rejeição da torcida do Flamengo. Chega a impressionar. Nessa quarta-feira, foi possível escutar vários torcedores detonando o técnico antes mesmo de começar o duelo. O único momento em que concordaram com ele foi ainda no início do primeiro tempo, quando reclamou com o árbitro Ricardo Marques Ribeiro de uma falta cometida por Pará. O comandante levou uma bronca, e a torcida comprou o barulho, destinando muitas vaias ao árbitro. Mas, após o gol do Vasco, a paciência com ele, que já não era grande, foi bruscamente reduzida a cada minuto passado. No fim, ouviu vaias, gritos de "burro" e xingamentos.

As principais críticas por parte das arquibancadas ao técnico se dão pelo fato de ele mexer pouco no time mesmo quando está perdendo - em raríssimas oportunidades fez uso das três substituições -, por conta da escalação de três volantes - o que não aconteceu nos últimos jogos - e pelos problemas táticos da equipe: falta criação e ligação entre meio-campo e ataque, e a defesa continua cometendo erros graves em bolas aéreas e na marcação.
Enquanto Cristóvão (pouco) sobe e (muito) desce na gangorra do Flamengo, até o elenco tem sentido incômodo com a instabilidade do treinador. Capitão do time, o zagueiro Wallace chegou a conversar com o presidente Eduardo Bandeira de Mello para tentar entender o que se passa. Pouco depois, o mesmo Wallace e Emerson Sheik concederam entrevista coletiva juntos no Ninho do Urubu e manifestaram apoio ao comandante, que conta com a admiração do grupo.
A verdade é que Cristóvão enfrenta resistência da torcida desde sua chegada. Muitos rubro-negros acreditam que, por ele ser de uma safra mais recente de treinadores e não ter ainda um currículo vitorioso no futebol, não tenha o perfil para estar à frente do Flamengo. Além disso, Cristóvão tem um estilo mais calmo de comandar, enquanto a maioria dos torcedores se identifica mais com alguém que seja enérgico.
Dentro da diretoria ele também nunca foi unanimidade. O diretor executivo Rodrigo Caetano e o presidente Bandeira são seus principais defensores, mas há membros do Conselho Gestor - que gere o futebol do Fla - que gostariam de ver o fim do ciclo de Cristóvão no clube o quanto antes. Irritado com os xingamentos ao treinador e os pedidos para demiti-lo, Bandeira até discutiu com alguns torcedores na área de camarotes do Maracanã após o revés para o Vasco. 
Como as decisões são tomadas em colegiado, Cristóvão Borges está longe de estar seguro no cargo, e uma eliminação para o Vasco na próxima quarta-feira, após o segundo jogo do confronto pela Copa do Brasil, provavelmente custará o emprego do técnico. Antes disso tem o São Paulo pela frente, neste domingo, às 16h, pelo Campeonato Brasileiro.

Por Ivan Raupp e Janir Júnior
Rio de Janeiro

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