domingo, 5 de abril de 2015

Por onde anda? Marinho, o canguru do Galinho no timaço do Flamengo

Marinho relembra a época de Flamengo e aposta no Rubro-Negro no clássico com o Fluminense
Foto:  Arquivo Pessoal

Rio - Não foi à toa que o ex-zagueiro Marinho ganhou do amigo Zico o curioso apelido de Canguru, no início dos anos 1980. Dono de boa impulsão e ágil como o animal - apesar da altura (1,87m) -, tinha qualidades que fizeram dele um dos melhores zagueiros da história do Flamengo. Luis Pereira, Rondinelli e Mozer que o digam. Todos foram barrados por Marinho no time que é considerado o melhor de todos os tempos do clube.

“Em quatro anos ganhamos tudo: Mundial, Libertadores (1981), três brasileiros (1980, 1982 e 1983) e o Carioca (1981). Era complicado nos enfrentar. Quando a turma da frente não estava bem a defesa resolvia. Dá uma saudade danada”, afirma o ex-joghador de 60 anos.


Saudade que fica ainda mais forte em dia de Fla-Flu. “Nem fala. Era bonito, casa cheia, mais de cem mil pessoas no Maracanã. Com todo o respeito, mas hoje está faltando craque. Mas acho que o Flamengo leva, está um pouco melhor”, disse o ex-jogador, por telefone, no intervalo de uma pescaria às margens da Barragem Igapó, em Londrina (PR), onde mora.

A paixão pela pesca é antiga. Um passatempo que nasceu quando ele ainda era um moleque na cidade paranaense e que continuou no Rio, quando morava em São Conrado. Nos dias de folga, ele costumava lançar o anzol na Praia do Joá.

“Sempre gostei de pescar. Quando fui para o Rio consegui a licença de pesca com um amigo. Ia sempre com o varão para o quebra-onda do Joá. Peguei muito peixe ali”, lembra.

Hoje, a pescaria é um dos poucos passatempos que faz Marinho sair de casa. Caseiro, ele fez do lar o ponto de encontro dos amigos.
“Adoro ficar com a minha família em casa, fazer churrasco e curtir a piscina”, revela Marinho, que hoje vive da revenda da construção de casas e pequenos prédios, com a filha, que é arquiteta. Um cenário bem diferente dos tempos em que a vida era dura: “Eram onze pessoas em casa, sete irmãos, cinco homens e duas mulheres, além dos meus pais e avós. Já jogava bem no time do bairro, quando o Londrina me chamou para treinar três vezes por semana. Nessa época, trabalhava como pintor, larguei porque me deram uma ajuda de custo para ajudar minha família”.

Desde os primeiros treinos, o zagueiro grandalhão, que não errava um bote e ainda fazia muitos gols de cabeça, chamou a atenção. “Eu era alto, mas magro e muito rápido. Saía fácil do chão e também gostava de dar arrancadas”, garante o ex-zagueiro, que se inspirava no estilo do craque Luis Pereira.

Em 1980, quando foi contratado pelo Flamengo, a vida do garoto de ouro de Londrina mudou da água para o vinho. “Com o dinheiro que ganhei comprei uma casa muito boa, grande, de três quartos e um banheiro para meus pais. Foi a maior felicidade da minha mãe. Era um sonho nosso. Pena que ela curtiu tão pouco”, diz, em tom de tristeza. Em 1983, ficou sabendo da morte da mãe, Maria Dourada, no intervalo do clássico contra o Vasco. Uma dor que carrega até hoje.
Marinho no timaço do Flamengo: títulos e mais títulos com a camisa rubro-negra
Foto:  Arquivo
Moral com Coutinho

Nos quatro anos em que jogou pelo Flamengo, seu futebol simples, mas muito eficiente conquistou o técnico Cláudio Coutinho. “Ele só me pedia para não dar as minhas arrancadas, porque o Leandro e o Júnior já subiam muito. Mas vez ou outra, desobedecia e quando fazia gol, ele me encarava com um sorriso e dizia: “Você não mudou nada”.

Em 219 jogos com a camisa rubro-negra, Marinho marcou seis gols. Um deles foi sobre o Atlético-MG, na Taça Libertadores de 1981.

“Perdíamos por 2 a 0 e no fim do jogo marquei o gol de empate de cabeça. Eles tinham um grande time”, relembra o camisa 3, que em 1984 se transferiu justamente para o Galo. Marinho ainda jogou no Botafogo, entre 1985 e 1986, e depois passou por clubes modestos antes de encerrar a carreira, aos 35 anos, no Londrina.

“Fiz o caminho de volta para ficar mais perto da minha família. Hoje curto meus filhos, as netinhas e ainda jogo a minha bolinha. Vez ou outra, quando o Flamengo está em grande fase, escuto algum torcedor dizer que o time lembrava o nosso. Fico orgulhoso. Aquele time é mesmo inesquecível”, emenda.
odia.ig.com.br/
Márcia Vieira

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