Gustavo Villela
Deus da raça. Rondinelli cabeceia atrás de Abel e marca o gol do título de 1978 na vitória, por 1 a 0, do Flamengo sobre o Vasco Sebastião Marinho/03/12/1978 / Agência O Globo |
Nos minutos finais da decisão, dois gols antológicos entraram para a história de Flamengo e Vasco. Tal qual o gol de Márcio Araújo (impedido) que deu o título do carioca ao rubro-negro em 2014, eles levaram a torcida à loucura, iniciando o carnaval nas arquibancadas do Maracanã. Em cabeçada precisa, aos 41 minutos do segundo templo, o zagueiro Rondinelli, chamado de Deus da raça, fez o time de Zico & cia derrotar os vascaínos de Roberto Dinamite e conquistar o estadual de 1978. Mais de duas décadas depois, em 2001, foi a vez de Petkovic cobrar falta com perfeição, faltando dois minutos para o apito final, e dar o tricampeonato ao Flamengo.
Em 3 de dezembro de 1978, ao Vasco bastava o zero a zero para erguer a taça do segundo turno. E aconteceu o gol eterno de Rodinelli: vindo de trás, na hora do córner, ele cabeceia superando o grandalhão zagueiro Abel. Leão, goleiro do Vasco, pulou mas não alcançou a bola. Festa rubro-negra. O zagueiro correu para a linha de fundo, comemorando com cambalhota a vitória e o título.
Em sua crônica publicada no GLOBO, Nelson Rodrigues apontava que “o trágico daquele jogo é que o Vasco em momento nenhum pensou em vencer”. Citando João Saldanha (ex-técnico da seleção brasileira), ele escreveu: “a folhas tantas do jogo, o notável comentarista dizia: — O Vasco já fazia cera no primeiro tempo. E isso porque queria que o tempo escorresse por entre os dedos como água.” Ao fim do seu texto, Nelson Rodrigues profetizava: “Daqui a cinquenta anos, dirão os que viveram o grande dia: — Nunca o Flamengo foi tão Flamengo!”.
Num jogo também dramático, em 27 de maio de 2001, a torcida do Vasco já se preparava para começar a comemorar. Mas veio o memorável gol de Pet. Aos 43 minutos da segunda etapa, ele bateu falta lembrando Zico: pôs a bola no ângulo e Helton, goleiro vascaíno, não conseguiu alcançar. O Flamengo derrotava o Vasco por 3 a 1, conquistando o tricampeonato estadual.
O herói Petkovic estava nas nuvens: “Eu queria que o mundo parasse naquele momento”. Como um troféu, o sérvio afirmava que guardaria a sua camisa 10. Lembrando os tempos da seleção, o técnico Zagallo, por sua vez, afirmou ainda no Maracanã: “Vão ter que me engolir. Foi um título da forma mais gostosa possível”. À noite, o treinador, então pentacampeão estadual, foi homenageado com um jantar pela família. O prato? Bacalhau cozido. “Não vai nisso nenhuma provocação. Eu aprecio muito bacalhau”, disse.
Sobre a catarse coletiva após o gol antológico e os efeitos na sua carreira, Petkovic, anos mais tarde, comentou:
— Muitos craques, grandes jogadores, têm grandes atuações, títulos. Poucos têm um gol tão marcante. Com o passar dos anos, você percebe a importância do gol, que foi muito maior do que eu imaginava. O momento foi maravilhoso, marcante na vida de milhões de pessoas.
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