terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Welinton fecha a boca e abre coração: 'A esperança voltou mais forte'

Por Rio de Janeiro
welinton zagueiro  flamengo (Foto: Janir Junior)
Jogador promete se cuidar nas férias para estar bem no início da próxima temporada (Foto: Janir Junior)

Cena 1: Welinton deixa o Flamengo para jogar no Alania Vladikavkaz, da Rússia. Encontra uma cidade ainda em reconstrução depois de ataques da Chechênia. Frio extremo, um idioma extremamente complicado e apenas dois pequenos mercados para fazer compras. Em campo, de 11 jogos, disputou dez como titular. O zagueiro agradou aos russos, que decidiram comprar os direitos econômicos do jogador.
Cena 2: O Alania passa por sérios problemas financeiros e a situação de Welinton - que deixou de receber grande parte dos pagamentos - mudou da noite para o dia. Em julho, ele desembarca de vez no Rio de Janeiro. Fora dos planos de Mano Menezes, treina sem saber qual será seu destino. Quando o abatimento com a possibilidade de ficar seis meses sem jogar já consumia o zagueiro, em outubro, Jayme de Almeida reintegra o jogador, que sempre agradou ao treinador. 


Cena 3: Welinton volta a treinar com o grupo principal, foi titular pelo Brasileirão no jogo contra o Grêmio, festejou no campo do Maracanã o título da Copa do Brasil e saiu na foto oficial de campeão, mesmo sem ter disputado um único jogo. 
A relação de Welinton com o Flamengo daria um filme. Exaltado por técnicos como Vanderlei Luxemburgo e Jayme, o zagueiro sempre foi alvo de grande parte da torcida. As vaias são a trilha sonora. Com contrato até março de 2016, o jogador aguarda as cenas dos próximos capítulos.
- O futuro pertence a Deus. O mais importante é receber a carta para estar no dia 8 na reapresentação, me preparar, manter a cabeça no lugar. Torcida é aquilo: da mesma forma que pega no pé, se você for bem, ela vai aplaudir, gritar o seu nome. Não tenho medo, passei muito por isso aqui e mantive minha cabeça erguida. Tem o lado crítico e o que apoia. O que vale para o torcedor é a paixão, tenho que ser profissional para diferenciar as coisas. Agora é trabalhar. Enquanto não tiver nada, espero, quem sabe, ficar muito tempo no Flamengo - afirmou.
Aos 24 anos, Welinton garante que a experiência no futebol russo serviu como trampolim para seu amadurecimento. Dentro e fora de campo. E mais uma vez as dificuldades apareceram no caminho.
- Foi uma experiência legal, eu não esperava, mas apareceu a oportunidade e fui. A adaptação é difícil, a cultura totalmente diferente, serviu como grande aprendizado. É um campeonato difícil, o time estava numa situação complicada, valeu como experiência. Tiveram momentos difíceis, quando foi preciso ter calma, pensar na carreira, ver o que realmente quero da vida. Aprendi não só dentro de campo, mas fora também. Era muito frio, a cidade pequena, não tem quase nada. Eram dois mercados, a cidade já foi bombardeada pela Chechênia e não tinha sinal de reconstrução. Bem complicado, difícil. Sorte que tinha amigos brasileiros que falavam a língua, fora o tradutor que enrolava um pouquinho e assim fui me virando, consegui criar um espaço. De 11 jogos só fiquei fora de um, isso foi bem legal, bom para evoluir - recordou o zagueiro.
Da noite para o dia, o retorno
Eis que de um dia para o outro, depois de uma série de indefinições, Welinton foi avisado: não seria comprado pelo Alania. Voltou voando para o Brasil, no sentido literal e figurado. E viu um futuro incerto pela frente:
- Foi tudo muito rápido. Eles demonstravam interesse, falavam que iam me comprar e do nada despenco na Gávea sabendo que não seria mais aproveitado. Tudo mudou. Uma notícia que seria boa para ambas as partes, acabou que não aconteceu. Deu um baque pesado pensar que ficaria seis meses sem jogar e ter o Flamengo, um grande clube, onde fui criado, praticamente de portas fechadas. Pude manter a postura e a oportunidade apareceu de novo no Flamengo. O Jayme assumiu, me chamou e hoje estou feliz da vida só por estar de volta. E joguei contra o Grêmio. A esperança voltou mais forte do que nunca. 

Na final da Copa do Brasil, Welinton estava nas cadeiras do Maracanã. Com o título sobre o Atlético-PR, o zagueiro foi a campo comemorar. Dias depois, saiu na foto de campeão no Ninho do Urubu. E, se derem brechas, brinca ele, também vai querer beliscar parte da premiação pela conquista.
- Mesmo sem ter jogado na Copa do Brasil, o grupo me colocou no bolo, e ajudei da forma que podia, incentivando, gritando. Não tem preço estar no Maracanã lotado sendo campeão. Nesse grupo está todo mundo junto. Espero estar no bolo da premiação (risos) - disse.
Cuidado com a balança à espera do futuro
No momento, Welinton curte férias. O zagueiro ainda não sabe qual será seu futuro, se permanecerá no Flamengo ou novamente seguirá seu caminho longe da Gávea. Enquanto aguarda a próxima manchete com seu nome, o jogador - conhecido por ganhar um quilinhos a mais durante período de inatividade - se diverte com notícias que está acostumado a ler em suas reapresentações:
- Costumo falar que quando começam as férias a matéria já esta pronta: "Welinton se reapresenta acima do peso" (risos). Mas fui aprendendo, tudo tem sua hora. Foi um ano difícil, que terminou alegre, feliz. Tem que saber beber uma cervejinha, comer um churrasco, mas com limite. Vou fazer 25 anos, não posso ser aquele moleque de antigamente que zoava e voltava acima do peso.

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