Elias
pode dizer: é ídolo das duas maiores torcidas do Brasil. O volante, que
brilhou no Corinthians de 2008 a 2010, deixou saudade no Timão. Depois
de uma passagem apagada pela Europa, chegou ao Flamengo nesta temporada e
rapidamente conquistou os rubro-negros. Prova disso foi que os
torcedores abraçaram o camisa 8 no momento mais difícil dele no clube.
Elias caiu de rendimento recentemente por conta de um problema de saúde
do filho. Davi, de um ano e sete meses, ficou internado com pneumonia.
A
paixão corintiana, no entanto, continua forte. Nesta quinta-feira, o
jogador disse que Davi tem grandes chances de ser rubro-negro, já que
foi “adotado” pela torcida (veja no vídeo acima). Relembrando a rivalidade dos tempos em que jogava no Timão, só tem uma restrição.
-
Ele vai ser o que ele quiser. Tentei puxar para o meu lado preto e
branco, mas não foi possível. Vai ser flamenguista, tem carinho pelo
Flamengo. Vai ser o que quiser, só não pode ser são-paulino - frisou o
volante.
Elias com o filho Davi durante treino do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem) |
Na
vitória por 2 a 1 sobre o Goiás, nesta quarta-feira, que classificou o
Flamengo para a decisão da Copa do Brasil, Elias e Davi foram
homenageados pelos torcedores, que gritaram o nome do menino. Momento
marcante para o camisa 8, que fez um dos gols e deu passe para Hernane
marcar o outro.
- Nunca vivi isso, nunca vi alguém
viver isso. A não ser o Ronaldinho que teve uma fase parecida com a
minha com a mãe dele (Dona Miguelina), a torcida deu carinho. Jogador às
vezes precisa de carinho. Às vezes leva muita porrada, é necessário.
Mas às vezes a gente precisa de carinho, de apoio, o torcedor do
Flamengo entende que não somos máquinas. É fundamental o carinho e o
apoio do torcedor. Vou guardar para o resto da minha vida. Só não chorei
para não perder a concentração. Foi especial. É uma situação que estava
afetando a minha vida. Quem é pai sabe disso. Contra o Botafogo, não
queria jogar e contei com o apoio dos meus companheiros. Para mim,
aquele gol, essa vitória, ficarão marcados pela volta por cima que dei
nesse pouco tempo. E o carinho que o torcedor tem por mim e minha
família.
Na comemoração do seu gol, o segundo
sobre o Esmeraldino, Elias fez uma homenagem ao filho. Como Davi vinha
usando uma máscara, o volante cobriu a boca com a palma da mão para
brincar com o pequeno.
-
Depois de dois, três dias internado, o médico disse que ele teria que
dormir e passar boa parte do dia com máscara para ajudar na respiração
Era difícil colocar nele, tinha de tirar a chupeta, ele gosta muito da
chupeta, foi difícil. Você chegar e ver o filho na UTI entubado, com
sonda, é difícil ver a cena. Mas ele superou, foi uma forma de
homenageá-lo.
O Flamengo enfrentará o Atlético-PR na
decisão. O primeiro jogo, dia 20, será no Paraná. No dia 27, as equipes
jogam no Rio. Davi, que não foi ao Maracanã nesta quarta por conta do
mau tempo, deve estar lá. E a meteorologia precisa ajudar.
-
Espero que sim. Se estiver calorzinho, ele vai. Minha mulher queria
levar ele contra o Goiás, mas estava frio, falei para ele ficar em casa,
torceu em casa, viu os gols. Espero que ele possa ir no próximo, que
esteja presente e possa receber o carinho que recebi.
Confira a entrevista completa do volante:
Confira a entrevista completa do volante:
Encontro com Davi depois do jogo
-
Cheguei em casa às duas da manhã e ele estava dormindo. Só que ele
acordou do nada, me viu da cama e tive que ficar até cinco horas com ele
vendo o replay do jogo, ele comemorando (risos). Mostrei o pessoal
cantando o nome dele. Daqui um ano, dois anos, ele vai entender e vou
mostrar para ele de novo aquela cena.
Química com a torcida e permanência
-
Já sentia isso antes. O torcedor me para na rua, cobra, cobra a
permanência. Ontem (quarta) só serviu para confirmar. Vou focar no
Brasileiro e na Copa do Brasil, e no fim do ano a gente define. Claro
que a vontade é ficar. Só que a gente sabe que não depende só de mim.
Depende do Sporting, do Flamengo, do fundo que detém 50% dos meus
direitos.
Negociação com os portugueses
-
Meu pai já foi lá, sentou com eles, fez acordo do que deviam (cerca de
R$ 2,6 milhões). Vamos tentar jogar isso para ajudar o Flamengo a
convencê-los.
Identificação com o Flamengo
-
Me identifiquei, acho que a torcida gostou do meu jeito. Não só pelo
futebol, mas pela liderança. Fico feliz com o carinho, mas quero
concretizar com o título.
Final contra o Atlético-PR
-
Em final tudo pode acontecer. A gente tem que chegar bem na final,
preparados psicologicamente, com nível físico e nível técnico altíssimo.
Durival de Britto, palco do jogo de ida
-
Já joguei pela Série B pelo Corinthians, mas foi contra o Paraná. É um
estádio acanhado, mas que sempre quando está cheio se torna um
caldeirão.
Ansiedade para a decisão
-
Não somos máquinas. Não tem como apertar o botão ou virar a chave e
jogar o Brasileiro. Temos de aproveitar essa euforia, tentar colocar no
Brasileiro, somar mais pontos, mandar de vez essa coisa de rebaixamento
para fora, já que estamos próximos disso, para que no fim, se der, a
gente possa brigar pela Libertadores.
Atlético-PR dividido entre Brasileiro e Copa do Brasil
-
Não muda nada. A responsabilidade é dividida. Libertadores é importante
disputar, mas o que marca são os títulos que ficam na história Eles vão
dar tudo para ganhar essa final. Se não me engano, podem ser o primeiro
clube paranaense a conquistar a Copa do Brasil. Com certeza vão dar a
vida, e a gente vai ter que fazer o mesmo.
Queda de desempenho
-
Nessa última partida, não. Mas nos dois últimos jogos não joguei bem, e
a equipe venceu. Não estou preocupado em jogar bem. Sei que se jogar
bem a equipe vai ter boas chances de conseguir a vitória, mas se não
jogar bem e a equipe vencer, é isso que vale.
Esperança na convocação para a Seleção
-
Até a última convocação vou trabalhar para que possa ser chamado. São
sete meses, seis meses para Copa do Mundo. Tudo pode acontecer. Ele
(Felipão) pode ter uma base, os jogadores, mas a gente sabe que alguma
coisa pode acontecer durante o percurso. Um jogador pode ser um dos
melhores do Brasil e ser convocado. Tenho que estar preparado até o
último minuto. Mesmo se não for, vou estar torcendo pela Seleção.
Importância da torcida e decisão no Maracanã
-
Vai ser importante se fizermos um grande resultado na ida. Em todos os
jogos a gente conseguiu decidir em casa, a gente fez grandes jogos. É
importante fazer um bom primeiro jogo, se manter vivo e decidir no
Maracanã. A gente sabe que o apoio tem sido incondicional. A gente sabe
que a torcida consegue fazer a diferença.
Será poupado contra o Goiás pelo Brasileiro?
-
Vamos conversar até amanhã (sexta-feira), não sei o que o Jayme vai
decidir. Temos pouco tempo para nos recuperarmos, senti um desgaste
enorme no fim da partida (pela Copa do Brasil). Temos atletas para dar
conta do recado.
Virada do Flamengo no ano
-
Nós jogadores mudamos a mentalidade. E é um hábito do brasileiro que só
consegue mudar no momento crítico. Quando a gente perdeu o Mano
(Menezes), chegamos no momento crítico. Tivemos de começar do zero,
fechar a equipe mesmo. Hoje podemos falar que somos companheiros mesmo
de trabalho. E isso às vezes é mais importante do que sermos amigos.
Comemoração “deita e rola”
- Estávamos combinando, conversando. Foi uma brincadeira. Tenho certeza que o Walter (atacante do Goiás) vai levar na esportiva como a gente levou a dele. Faz parte do futebol. Não considerei provocação dele. Foi uma brincadeira de vestiário e a gente brincou ali (no campo do Maracanã). Foi uma forma de comemorar.
- Estávamos combinando, conversando. Foi uma brincadeira. Tenho certeza que o Walter (atacante do Goiás) vai levar na esportiva como a gente levou a dele. Faz parte do futebol. Não considerei provocação dele. Foi uma brincadeira de vestiário e a gente brincou ali (no campo do Maracanã). Foi uma forma de comemorar.
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