Zico em foto com Cantarelle e Jayme de Almeida (Foto: Reprodução/site Zico na Rede) |
Jayme de Almeida conta com o apoio de rubro-negros importantes e ídolos
do clube na sua missão de comandar o time do Flamengo nesta reta final
de temporada, e nesta terça-feira, Zico prestou nova manifestação em
favor do treinador. Depois de publicar uma foto e uma mensagem para o
amigo em sua página no Facebook antes do jogo contra o Botafogo, o
Galinho dedicou uma coluna em seu site pessoal 'Zico na Rede' para falar
da efetivação de Jayme e a promoção do ex-preparador de goleiros
Cantarelle a auxiliar técnico. Com o texto, mostrou uma foto dos três
juntos.
Zico destacou a capacidade dos ex-companheiros de Flamengo, relembrando
passagens profissionais dos dois. De Jayme como treinador no CFZ,
comandado por ele, e como auxiliar do irmão Edu Coimbra no Kashima
Anthlers, do Japão, e que por isso tem "todas as razões para celebrar a
decisão da diretoria e torcer para que ele (Jayme) siga a linhagem de
outros treinadores que fizeram história no clube pelo mesmo caminho,
como Carpegiani, Carlinhos e o Andrade".
Sobre Cantarelle, a quem se refere como um dos companheiros com quem
mais atuou e um verdadeiro amigo que fez no futebol, o Galinho relembra
histórias da época que levou o "Canta" para ser treinador de goleiros da
seleção do Japão, entre 2002 e 2006, destacando o equilíbrio nas
decisões do atual auxiliar rubro-negro.
Como torcedor, Zico une à lista de desejos pessoal algo que todo
rubro-negro também espera: um fim de ano tranquilo. Leia-se: sem ameaças
de rebaixamento. E o Galo mostrou confiança de que a dupla vai
conseguir cumprir a missão.
Confira a íntegra da coluna publicada por Zico:
"Quem quer que seja o técnico do Flamengo terá sempre meu apoio,
afinal, sou um torcedor como os milhões espalhados pelo Brasil e pelo
mundo. O que tenho lido e acompanhado aqui em Doha é que muita gente que
sempre se disse torcedor e está do outro lado na política, torce quase
descaradamente para o pior. Não entendo. Talvez essas pessoas tenham
perdido alguma coisa com as mudanças no clube. O fato é que torcedor de
verdade precisa agora é apoiar.
Eu não posso negar que fiquei muito feliz ao saber da efetivação
até o fim do ano do Jayme de Almeida como treinador e do Cantarele
assumindo a condição de auxiliar. Sou suspeito para falar dos dois, mas
resolvi dedicar essa coluna exclusivamente a eles.
Jaime é da minha geração. Postei no Facebook uma foto em que
estamos juntos ainda na escolinha do Flamengo. Trouxe a relação com o
clube no sangue, já que seu pai, com o mesmo nome, foi também um grande
jogador na Gávea na década de 40. Mas o que muita gente não sabe é que
ele estreou como treinador comigo em 1997, no CFZ do Rio, e conquistou o
título da Terceira Divisão. Outra curiosidade dessa campanha é que o
gol do título foi do Suzuki, japonês que depois eu comandaria na
seleção. E por falar em Japão, também levei o Jaime para o outro lado do
mundo, onde ele foi assistente no Kashima do meu irmão Edu.
Ou seja, tenho todas as razões para celebrar a decisão da diretoria
e torcer para que ele siga a linhagem de outros treinadores que fizeram
história no clube pelo mesmo caminho, como Carpegiani, Carlinhos e o
Andrade. Reitero aqui meu desejo de sorte ao Jaime.
Já o Cantarele, um dos companheiros com quem mais atuei e um
verdadeiro amigo que fiz no futebol, esse posso falar ainda mais
profissionalmente com duas histórias curtas. Canta foi treinador dos
goleiros do Japão comigo entre 2002 e 2006 e, quando chegamos, eu pedi
jogos contra grandes equipes para desenvolver o time. Queria enfrentar
as melhores seleções africanas, sul-americanas e europeias, mas ele,
amigo daqueles que chega no pé do ouvido e fala o que precisa ser dito e
não o que você quer ouvir, advertiu: “Zico, não acho essa uma boa
ideia. Precisa botar umas seleções baba no meio do caminho, senão a
gente vai perder, perder e aprender bastante, mas nós vamos acabar sendo
demitidos e quem vai colher os frutos é outra comissão técnica”. Fazia
sentido.
Cantarele sempre me chamou a atenção pelo equilíbrio com que lida
com as situações. Esse é um traço que será importante no apoio ao Jaime e
no Flamengo atual. Lembro sempre que ele, ex-goleiro, levanta-se nos
papos para falar da “bola bandida” que atua perigosamente no futebol.
Aparece geralmente naqueles jogos em que o seu time domina, pressiona e o
goleiro pode passar 89 minutos cochilando no pé da trave. Aí acontece
um chutão do zagueiro adversário, uma bobeira e pimba, a bola bandida
balança a rede e decide o jogo. O Flamengo já sofreu com ela nesse
campeonato.
E o Canta me alertava que há jogos em que você precisa ganhar, mas
não pode perder. E eu concordo. Tem jogos em que você precisa perseguir a
vitória, mas aquele pontinho do empate também não é ruim. No caso do
Flamengo atual, são aquelas que na linguagem do futebol valem 6 pontos.
Partidas fora de casa contra times que brigam lá em cima, equipes que
vêm mostrando um futebol melhor e alguns clássicos regionais. E tem os
jogos em casa contra adversários que precisam deixar os três pontos no
Maracanã. Temos seis partidas com essa característica. Uma já foi, essa
do Criciúma.
O desafio da dupla é exatamente levar o time a um fim de ano
tranquilo, que permita o planejamento para 2014 com mais reforços e o
aprendizado da diretoria. Cá entre nós, eu como treinador acho que a
responsabilidade de quem comanda é mesmo de 20%, talvez 30% no
resultado.O resto são os jogadores. Mas trabalho duro, tranquilidade e
esse percentual que citei têm que estar em dia para funcionar.
Jaime e Canta tem todas as condições para conduzir o Flamengo nessa
jornada. Percebo que não tem faltado raça, vontade de vencer. Com esse
espírito, o time pode voltar a conquistar o respeito dos rivais, desde
que mantenha a regularidade. Eu acredito e ficarei aqui na torcida. E
quem puder e ainda não aderiu, participe do programa e se torne sócio.
Vá ao estádio levar o seu apoio. Saudações rubro-negras".
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