Canta, Jaime e Zico em 2001Quem quer que seja o técnico do Flamengo terá sempre meu apoio, afinal, sou um torcedor como os milhões espalhados pelo Brasil e pelo mundo. O que tenho lido e acompanhado aqui em Doha é que muita gente que sempre se disse torcedor e está do outro lado na política, torce quase descaradamente para o pior. Não entendo. Talvez essas pessoas tenham perdido alguma coisa com as mudanças no clube. O fato é que torcedor de verdade precisa agora é apoiar.
Eu não posso negar que fiquei muito feliz ao saber da efetivação até o fim do ano do Jayme de Almeida como treinador e do Cantarele assumindo a condição de auxiliar. Sou suspeito para falar dos dois, mas resolvi dedicar essa coluna exclusivamente a eles.
Ou seja, tenho todas as razões para celebrar a decisão da diretoria e torcer para que ele siga a linhagem de outros treinadores que fizeram história no clube pelo mesmo caminho, como Carpegiani, Carlinhos e o Andrade. Reitero aqui meu desejo de sorte ao Jaime.
Já o Cantarele, um dos companheiros com quem mais atuei e um verdadeiro amigo que fiz no futebol, esse posso falar ainda mais profissionalmente com duas histórias curtas. Canta foi treinador dos goleiros do Japão comigo entre 2002 e 2006 e, quando chegamos, eu pedi jogos contra grandes equipes para desenvolver o time. Queria enfrentar as melhores seleções africanas, sul-americanas e europeias, mas ele, amigo daqueles que chega no pé do ouvido e fala o que precisa ser dito e não o que você quer ouvir, advertiu: “Zico, não acho essa uma boa ideia. Precisa botar umas seleções baba no meio do caminho, senão a gente vai perder, perder e aprender bastante, mas nós vamos acabar sendo demitidos e quem vai colher os frutos é outra comissão técnica”. Fazia sentido.
Cantarele sempre me chamou a atenção pelo equilíbrio com que lida com as situações. Esse é um traço que será importante no apoio ao Jaime e no Flamengo atual. Lembro sempre que ele, ex-goleiro, levanta-se nos papos para falar da “bola bandida” que atua perigosamente no futebol. Aparece geralmente naqueles jogos em que o seu time domina, pressiona e o goleiro pode passar 89 minutos cochilando no pé da trave. Aí acontece um chutão do zagueiro adversário, uma bobeira e pimba, a bola bandida balança a rede e decide o jogo. O Flamengo já sofreu com ela nesse campeonato.
E o Canta me alertava que há jogos em que você precisa ganhar, mas não pode perder. E eu concordo. Tem jogos em que você precisa perseguir a vitória, mas aquele pontinho do empate também não é ruim. No caso do Flamengo atual, são aquelas que na linguagem do futebol valem 6 pontos. Partidas fora de casa contra times que brigam lá em cima, equipes que vêm mostrando um futebol melhor e alguns clássicos regionais. E tem os jogos em casa contra adversários que precisam deixar os três pontos no Maracanã. Temos seis partidas com essa característica. Uma já foi, essa do Criciúma.
O desafio da dupla é exatamente levar o time a um fim de ano tranquilo, que permita o planejamento para 2014 com mais reforços e o aprendizado da diretoria. Cá entre nós, eu como treinador acho que a responsabilidade de quem comanda é mesmo de 20%, talvez 30% no resultado.O resto são os jogadores. Mas trabalho duro, tranquilidade e esse percentual que citei têm que estar em dia para funcionar.
Jaime e Canta tem todas as condições para conduzir o Flamengo nessa jornada. Percebo que não tem faltado raça, vontade de vencer. Com esse espírito, o time pode voltar a conquistar o respeito dos rivais, desde que mantenha a regularidade. Eu acredito e ficarei aqui na torcida. E quem puder e ainda não aderiu, participe do programa e se torne sócio. Vá ao estádio levar o seu apoio. Saudações rubro-negras.
Até a próxima!
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