Jayme de Almeida faz sua fé antes da partida contra o Internacional (Foto: Alexandre Vidal / Flaimagem) |
Comemorar, mas não se iludir. Jayme de Almeida manteve o tom sereno e
polido que lhe é habitual após a vitória do Flamengo por 2 a 1 sobre o
Internacional, na noite desta quinta-feira, no Maracanã, pela 27ª rodada
do Brasileirão. No auge de seus 60 anos, a maior parte deles dedicada
ao futebol, o treinador não se privou de vibrar com a melhor colocação
do Rubro-Negro na competição - sétimo lugar, com 37 pontos. Entretanto, a
mesma medida em que reconhece a evolução, evita devaneios e não quer
saber de G-4. Pelo menos por enquanto.
Jayme assumiu um time em crise, abandonado por Mano Menezes sob a
justificativa de que não conseguia assimilar suas ordens. Desde então,
porém, o que tem sido visto em campo é um Flamengo taticamente arrumado e
correndo como nunca. Resultado da "alma rubro-negra" que o treinador
garante ter encontrado nos jogadores, e que gerou três vitórias, dois
empates e um salto na tabela.
- O sétimo lugar representa muito. Estávamos em uma situação muito
delicada e o empenho, dedicação e carinho com que fui recebido ajudaram
muito. Agradeço a eles por acreditarem em mim, no que eu propus, e fazem
isso com a alma rubro-negra. Tivemos uma partida difícil contra o
Internacional, fizemos o gol e terminamos melhor. No segundo tempo,
administramos, mas sofremos no fim porque nosso time não é de estatura
alta. A bola aérea dificultou muito, mas gostei da determinação. No
Maracanã, não vamos deixar mais uma vitória tranquila se tornar empate.
Corremos muito, os meninos que entraram, Frauches e Fernando, ajudaram
muito. Pontuando vamos nos afastar cada vez mais da zona de rebaixamento
- afirmou.
Mesmo que esteja na sétima posição, o Flamengo segue mais perto da zona
de rebaixamento do que da Libertadores - são oito pontos para o
Atlético-PR, primeiro no G-4, e cinco para o Vasco, no Z-4. E vem
exatamente daí a precaução de Jayme. Cria rubro-negra, o treinador
conhece bem o torcedor que o apoia na mesma proporção que se empolga, e
pede pé no chão.
- Sonhar com o G-4 eu acho muito ainda. Estamos muito próximos do Z-4.
Está muito parelho, tem muito time igual. Somos sétimo, mas há muita
gente em volta. Não alcançamos o objetivo maior, que é sair desta zona.
Quando conseguirmos uma pontuação que nos deixe tranquilos, vamos pensar
onde vamos chegar. O elenco está consciente. Demos uma arrancada boa,
mas não é suficiente. Temos que pensar um jogo de cada vez e acreditar
sempre no nosso potencial. Temos que respeitar todo mundo e não temer.
Enfrentamos adversários poderosos, temos jogado melhor, igual, mas
sempre em um nível muito elevado.
Confira outros temas abordados por Jayme durante a entrevista coletiva concedida após o jogo:
Mudança de postura do Fla
Nossa proposta era agrupar mais a equipe para facilitar a marcação e a
saída de bola. A entrada do Amaral foi importante, nos deu segurança e
liberdade para criação do Elias e do André. O Carlos Eduardo cresceu...
Nosso meio-campo está rápido, e o Paulinho e o Hernane estão bem na
frente. Tudo começou contra o Botafogo (pela Copa do Brasil), que era
favorito, e naquela resposta, com um jogo de igual para igual, vimos o
caminho. Agora, procuramos equilibrar e melhorar tudo isso. Não temos
muito tempo para treinamento, mas dentro do possível estamos evoluindo
para termos mais confiança para jogar. Eles (jogadores) aceitaram a
ideia e estão procurando fazer da melhor maneira possível com um
espírito mais aguerrido. É difícil ganhar do Flamengo no Maracanã assim.
A torcida ajudou muito, tem incentivado.
Léo Moura
O Léo Moura tem 450 jogos pelo Flamengo, uma história linda, bonita,
fantástica. Tem uma qualidade muito grande na lateral. Fala-se muito em
fim de carreira, não é mais menino, mas tem muita experiência. Temos
tido cuidado com esses jogos quarta e domingo. Na terça não fez nada (no
campo), na quarta um pouquinho. Então, estamos preparando para os
jogos. Ele atuou os 90 minutos, fez um gol, deu passe para outro e
provou que pode nos ajudar muito.
Paulinho
É muito fácil falar mal dos meninos que chegaram do interior de São
Paulo. O Flamengo não vinha em uma fase boa, é igual ao que eu falo da
base. O Paulinho no início ia bem, ia mal, e estourava na mão dele. Eu o
deixei à vontade. É muito rápido, habilidoso, dribla para dentro, para
fora, tem uma condição física boa. Jogo a jogo tem ganhado confiança e é
muito bom jogador. É um cara que ninguém acreditava está começando a
mostrar seu valor no clube.
Elogios do elenco
Acho que (o conhecimento do Flamengo) pode ajudar. O Flamengo tem muita
gente que vem de fora e eu fui criado aqui. É importante falar do
clube, da torcida, mas acho que é mais a vontade do grupo fazer,
acreditar e ver que é possível (que faz a diferença). Quando eles
percebem isso, que é possível jogar de igual para igual com qualquer um,
esse é o caminho. Fico feliz por ser o agente disso. Quem joga são os
meninos, tenho que dar o apoio e confiança, liberdade. Tem que saber que
o Flamengo é muita luta, vontade no jogo, se tiver que ir até a
cãibra... Tudo isso tem feito com que caminhemos bem no campeonato.
Melhora com a saída de Mano Menezes
Tenho o maior carinho e aprendi a respeitar muito o Mano. Isso é o
básico. É um profissional muito correto. Acho que quando entrei a ideia
foi de treinar muito, agrupar... Desde que cheguei, foram apenas três
treinos de montagem tática. Então, acho que quando damos uma ideia e
vamos para o jogo, como foi com o Botafogo. O time faz como fez, a coisa
começa a andar. Quando as coisas vão bem, mexemos muito pouco. O
jogador pega confiança, o grupo se une e vê o que dá para fazer. Futebol
é basicamente confiança.
Volta de Felipe
Temos que ter um critério. No gol então, é maior. O Felipe vinha de
titular há dois, três anos, e sempre correspondendo bem. Por outro lado,
o Paulo (Victor) também entra bem. O Felipe saiu por uma expulsão que
não foi culpa dele, erramos na saída de bola e teve o pênalti. Ele teve o
problema no dente, fez a operação e ficou muito tempo sem treinar. Não
ia colocá-lo contra o Vasco. Agora, ele treinou e voltou. Não tem
problema. Conversei com o Felipe, com o Paulo e expliquei. Felipe foi
muito bem (contra o Inter). Todo grande clube tem que ter um grande
goleiro, o Flamengo tem a sorte de ter dois.
Melhora em relação ao último clássico com o Botafogo
Não consigo mensurar, mas evoluímos bem. Estamos mais conscientes, mais
tranquilos, e isso é fator de amadurecimento. Entendemos o que é
proposto e tentamos fazer em campo. Isso é algo que ajuda muito.
Hernane é dúvida para o clássico?
Ele é um cara que se doa muito, se dedica. É um rapaz que às vezes é
criticado, mas entende muito bem taticamente. Foi só uma questão de
cãibra que sentiu (no fim do jogo). Não é problema. Com certeza vai
estar pronto para o jogo, até por ser o artilheiro do Maracanã. Vai
querer jogar.
Ausência de Carlos Eduardo
Não sou irresponsável e maluco. Fiz um treino tático na véspera com o
Carlos Eduardo. Não há falta de respeito com profissionais. No caminho
para o Maracanã, ele passou mal no ônibus, não estava bem e colocamos o
Luiz Antonio para jogar. Simples. Eu sabia que iam especular, mas o Cadu
não jogou simplesmente por isso, por ter passado mal no caminho para o
Maracanã. Não ia colocar um menino que não estava 100%. Ele foi
medicado, se propôs a ficar no banco, mas não íamos arriscar.
Definição da boa fase
O Flamengo atual é um time que tem um respeito muito grande pelos
adversários, mas não teme mais ninguém. Estamos conscientes de que
precisamos trabalhar muito e de todos se doarem em campo para fazer o
resultado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário