Zico e Jacó nos anos 80 (Foto: Arquivo pessoal/Jacozinho) |
Por Victor MéloMaceió
O tempo estancou para Jacozinho no dia 12 de julho de 1985. Bom de conversa, de bola e de marketing, o arisco ponta do CSA fez sucesso nas rádios do Rio e entrou na festa pelo retorno de Zico ao Flamengo. O Galinho havia convidado para a partida especial, no Maracanã, os principais jogadores do mundo na época. Um deles era um certo Diego Armando Maradona, craque argentino que iria se consagrar na Copa de 1986.
Jacó ficou no banco de reservas, mas era querido pela massa. Espécie de Flávio Caça-Rato dos anos 80, o jogador ganhou projeção nacional com jogadas incríveis com a camisa do CSA e as matérias do jornalista alagoano Márcio Canuto. Quando o amistoso entre o Fla e a seleção do resto do mundo estava sem graça, o técnico Telê Santana resolveu incendiá-lo. Ouvindo o apelo do povo, mandou o ponta a campo e viu rapaz estraçalhar. Jacozinho recebeu no primeiro lance um passe perfeito de Maradona, deu um drible da vaca em Cantareli e marcou um golaço. O Rubro-Negro venceu por 3 a 1, mas o "penetra" foi o grande destaque, atraindo a atenção de imprensa, torcedores e até dos jogadores.
Jacozinho achou que Zico não havia gostado de sua presença na festa. Considerou o cumprimento frio antes do jogo e ficou triste pelo desfecho de seu conto de fadas. O tempo passou e os dois se reencontraram há dois meses, em Vitória, Espírito Santo. A conversa com o Galinho emocionou o velho Jacó, que fechou parte de sua história com um forte abraço no ídolo.
- Sou do Sindicato do Atletas do Espírito Santo e fui convidado para um congresso em Vitória. Um dos palestrantes nesse período de Copa era o Zico. Estava assistindo na plateia e, de repente, ele disse que tinha um velho conhecido ali e que, depois, gostaria de falar com essa pessoa. Ainda completou: ele sabe de quem estou falando. Gelei. Pensei que, depois de tantos anos, o Zico estivesse chateado comigo - contou Jacozinho, preparando o arremate.
- Nos bastidores, fui falar com o Zico e ele me atendeu maravilhosamente bem. Me deu um forte abraço, foi carinhoso e brincou, dizendo que roubei a festa dele no Maracanã (risos). Falei que era fã e ele me disse que também gostava muito do meu futebol, que apenas não tive a sorte de me destacar num time grande do sul do país. Depois, me deu o telefone e se despediu. Em casa, liguei para o número e ele já atendeu falando meu nome: Jacó! Foi uma grande emoção. O Zico é um cara extraordinário, ídolo de todas as torcidas, porque foi um cracaço em campo e é um homem espetacular.
Jacozinho, de 58 anos, contou que a receptividade do Galinho foi tão grande que ele gostaria de reviver aquele dia marcante na carreira dos dois. Um dos maiores ídolos da história do CSA, o ex-jogador revelou que vai buscar patrocinadores para fazer um confronto entre o Azulão, de Jacó, e o Flamengo, de Zico, no Estádio Rei Pelé.
- Seria fantástico. Pelo jeito que o Zico me tratou, acho que ele toparia. Se conseguir patrocinadores, não precisa ser nada grandioso, gostaria muito de fazer essa festa na minha Alagoas, no Estádio Rei Pelé. Já pensou? CSA contra Flamengo. Maceió ia parar, como nos anos 80 - projetou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário