quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Insatisfeito com o futebol, Marcos Braz reitera candidatura no Fla e promete brigar por mudança de calendário

Marcos Braz foi vice-presidente de futebol no título do Brasileirão de 2009 (Foto: GloboEsporte.com)
Por GloboEsporte.com, Rio de Janeiro
A corrida terá largada oficial dentro de 40 dias, mas já movimenta bastante os bastidores do Flamengo. Com o prazo limite para inscrição de chapas no dia 1º de outubro, o clube está aberto a candidatos a presidente pelo triênio 2019/2021, e Marcos Braz é o terceiro a se manifestar neste sentido.

Com histórico de títulos no futebol e passagens por outras pastas, o ex-dirigente se coloca como concorrente de Ricardo Lomba (situação) e Rodolfo Landim.
Ex-secretário municipal de Esportes e Lazer do Rio, Braz iniciou a vida política no Rubro-Negro há cerca de 20 anos e teve passagem de destaque entre 2006 e 2009. Venceu uma Copa do Brasil e dois estaduais como diretor de futebol, e era responsável pela vice-presidência da pasta na conquista do hexacampeonato brasileiro.

O desempenho dentro de campo na gestão Eduardo Bandeira de Mello, por sinal, é o que mais incomoda o pré-candidato, que relembra o passado no clube para referendar sua presença no pleito de dezembro, ainda sem data definida.

- Acho que precisamos ganhar mais (títulos)
- Fui diretor do Fla-Barra há mais de 20 anos, vice-presidente de remo em uma situação muito difícil do clube, após o impeachment (Edmundo Santos Silva), passei pelos esportes olímpicos, fui diretor e vice de futebol, além de secretário de esportes do Rio no ciclo olímpico. Me sinto preparado e tranquilo não só para uma disputa como para gestão do maior clube do Brasil.

Vivo em três competições, Bandeira chega ao último semestre do segundo mandato com os títulos da Copa do Brasil (2013) e do Carioca (2014 e 2017) no currículo. Com quatro troféus na bagagem, Marcos Braz aponta equívocos na condução do departamento. Garantindo ser pacificador, o pré-candidato revelou um dos desejos caso eleito: conciliar os calendários brasileiro e europeu.

- Vejo o Flamengo muito bélico nas tratativas com CBF, Federação, Conmebol... Minha posição seria diferente, em tom mais tranquilo. Se estou mais robusto na parte financeira, vou pleitear mais coisas, mas de maneira diferente. Vou flexibilizar mais, fazer política. Tenho certeza de que vou ter uma relação boa e íntima com o próximo governador, seja quem for.

- Uma questão importante é a do calendário. O Flamengo tem que começar a pleitear o ajuste do calendário brasileiro ao mundial. Não dá mais para ser diferente. É preciso sentar, sem brigar, e fazer uma migração transitória. O Flamengo não pode se furtar desse posicionamento.
O posicionamento vai ao encontro da recente polêmica com a convocação de Lucas Paquetá para Seleção, desfalcando o clube na semi da Copa do Brasil durante data Fifa. Para colocar em prática o projeto, no entanto, Marcos Braz busca aliados que o coloquem em condição de igualdade no pleito.
Com mais de um mês até a definição das chapas, o ex-dirigente acredita que os concorrentes se anteciparam ao processo eleitoral, mas aposta no senso democrático do sócio do Flamengo.

Ricardo Lomba tem a candidatura sustentada pelo numeroso grupo político "SóFla", e Rodolfo Landim apoio declarado de seis movimentos: Sinergia, Raiz, FlaFut, FAT, FlaMais, Ideologia Rubro-Negra, além de Zico e do ex-presidente Marcio Braga.

- Não posso acreditar que dentro do colégio eleitoral do Flamengo, que tem perto de dez mil pessoas e historicamente votam três mil, vão fazer um pré-conceito de candidatura. Após o registro, com planos de governo, as pessoas vão decidir.

- Na hora certa, por mais que a pessoa tenha uma tendência, não posso acreditar que não vá se abrir para nos ouvir. Por isso, estou muito tranquilo.
Em longo bate-papo, Marcos Braz apresentou os motivos que o levam a trabalhar na candidatura, avaliou a relação entre os concorrentes e o colégio eleitoral rubro-negro, e antecipou o nome de um de seus vice-presidentes (ainda não há definição do vice geral). Confira:

Por que se candidatar?

- A atual gestão fez uma opção pelo lado administrativo e de estrutura. Não vou entrar no mérito se foi bem ou mal. As atividades finais do clube é são: futebol, parte social e esportes olímpicos. Este é o tripé. E a diretoria optou por dar atenção a outras áreas. Precisamos ter um pouco de mudança de rumo.

A área social está bem, mas pode melhorar. Já vinha melhorando com a Patrícia e continuou. Nos esportes olímpicos, houve a questão dos incentivos fiscais, mas temos que dar um carinho maior ao futebol. Por mais que o Flamengo ganhe um Brasileiro ou uma Copa do Brasil, acho que foi muito pouco. Há força estrutural e financeira para bater mais no primeiro lugar.

Há risco de desistir da candidatura?

- Vou ser bem claro: se eu homologar a chapa, vou até o final. As duas candidaturas que já estão postas se movimentam há seis meses ou um ano. Não sei se isso foi bom ou ruim. Não sei se foi bom ter um racha tão precipitado, e eu não contribuí com isso. Estou reunindo informações e analisando coligações que possam ser feitas.

- Tenho vontade, me acho preparado e estrutura de campanha. Agora, preciso ter gente me apoiando. Não posso ser candidato de eu só.
Ruptura entre os concorrentes

- O que foi dito é que teria um acerto para não existir a reeleição e o Bandeira quebrou. Talvez as pessoas entendam que era preciso ampliar as ideias e ter a certeza de que se trata de um clube centenário, e não de seis anos. Há uma série de análises. Ao que parece, o Landim é uma pessoa que estava no clube do Bandeira e outras pessoas depositam nele a credibilidade que não depositam mais no Bandeira. Simples assim.
Crescimento de grupos políticos dentro do clube

- Estamos falando especificamente do SóFla. Vou ser bem claro e transparente: não vejo com preocupação o grupo ser desse tamanho e ter essa incidência política, mas vejo com surpresa. Não posso achar que o pessoal mais novo, que está engajado na luta por um Flamengo maior, tenha um pré-conceito com direcionamento. O pleito é eleitoral. Eles têm que votar em quem acham o melhor para o Flamengo. Respeito, como qualquer outro grupo, mas fico surpreso com o poderio que as pessoas imputam a isso.

Peso dos resultados do futebol na eleição?

- Tem interferência. Quando fazemos as análises e pesquisas, detectamos que o maior sentimento do eleitor do Flamengo está nesta área. Precisa ganhar mais. O eleitor se sente desconfortável, mesmo com essa administração profissional. Não se ganhou (no futebol). Temos três competições? Temos.

- Acho que somos franco favoritos no Brasileirão e na Copa do Brasil. Mas mesmo ganhando dá margem para fazermos uma análise se foi muito, pouco ou mais ou menos. Acho que foi pouco pelo poderio financeiro.
O que faltou para o sucesso no futebol?

- Posso falar o que iria fazer na minha gestão. Se isso iria dar a última lapidada para os resultados, não sei. Eu não teria uma comissão técnica tão grande, observo de longe e me deixa assustado. Algumas contratações foram feitas fora da hora, o que não quer dizer que sejam erradas.

Por exemplo, o Diego veio no meio de um campeonato. Não temos um elenco completo no começo. Todos os anos o Flamengo se exibe no mercado atrás de peça A, B ou C. São detalhes. O Flamengo não foi mais campeão por não ter tido a percepção deste detalhe.
Maracanã ou estádio próprio?

- A análise é sempre feita de maneira errada. Por que o Flamengo brigou tanto com o consórcio e as questões políticas do Maracanã para depois ceder? Esse meio-termo comigo não tem. Se eu tomar uma decisão, vou até o final e terei coerência. Não estou falando que o Flamengo não devia ter pegado o Maracanã. Nunca deveria ter saído. Será minha primeira opção e terei uma reunião com o próximo governador.

Há definição da estrutura para o futebol caso eleito?

- Algumas coisas que foram implantadas não podem ter retrocesso. Uma delas está nos profissionais contratados em cada área. Temos que ter o vice-presidente, mas também profissionalismo.

Inclusive, posso adiantar o nome da pessoa que vai tocar a parte financeira e administrativa: Paulo Roberto Gomes, com formação em ciências contábeis, pós em análise de sistemas, MBA em gestão empresarial e assistente da agência americana de antidoping, uma das mais renomadas dos EUA.

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