Ronaldo Angelim distribui autógrafos no Recife, na véspera do jogo contra o Náutico. No dia, assédio foi pesado (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem) |
De forma carinhosa e desdenhando do Fenômeno e de Gaúcho, a torcida do Flamengo lançou a brincadeira: “There’s only one Ronaldo”. A frase que diz existir apenas um Ronaldo fazia referência a Angelim, herói da conquista do hexacampeonato brasileiro de 2009 quando marcou, de cabeça, o gol que deu o título ao Rubro-Negro depois de 17 anos de espera. O tempo passou, mas Angelim ainda coleciona histórias curiosas e de paixão na sua relação com o clube. Enquanto continua no aguardo do jogo de despedida prometido há tempos pela diretoria, o zagueiro vive cenas de um filme que poderia ser chamado de "Não esqueceram de mim".
No fim de semana, Angelim viajou 600 quilômetros de Juazeiro do Norte (CE) até o Recife, onde o Flamengo enfrentou o Náutico. No sábado, o herói acompanhou o treino e matou saudade dos ex-companheiros. No domingo, ele chegou ao estádio dos Aflitos para acompanhar a partida como mero torcedor. Mas passou por momentos de uma idolatria que ele nem mesmo imaginava ainda ser tão calorosa. Logo reconhecido em meio à torcida, foi engolido por uma multidão agradecida, que o trata como ídolo rubro-negro. Diante da iminência de tumulto, precisou de escolta para deixar o local.
- Pena que não consegui acompanhar o jogo na torcida do Flamengo. Começou uma confusão, todo mundo vindo para cima, os seguranças tiveram que me tirar dali, não deu para ficar. Não imaginava que a torcida ainda tinha esse apego comigo. Muito legal mesmo o carinho, não esqueceram de mim. Acabou que tive que assistir à partida numa churrascaria em frente ao estádio – revelou Angelim, por telefone.
O rodízio de carnes forrou o estômago de Angelim, que não costuma reclamar de barriga cheia. Nem mesmo de barriga vazia, quando sente que fica com um gostinho de promessa não cumprida. Em dezembro do ano passado, quando o contrato do zagueiro com o Flamengo se encerrou, a presidente Patricia Amorim garantiu a realização de um jogo de despedida, inicialmente projetado para janeiro, mas que não aconteceu. E segue sem data para acontecer.
- Estive no vestiário antes do jogo, o Levy (vice de finanças) disse que ainda vão fazer o jogo de despedida. Acho que estão esperando o Maracanã reabrir – disse Angelim, sem polêmica e com o pensamento de voltar ao palco onde foi consagrado.
O zagueiro chegou ao Flamengo em 2006 e aos poucos se firmou na zaga rubro-negra. Participou dos títulos da Copa do Brasil (2006), Carioca (2007, 2008, 2009 e 2011) e Brasileiro (2009), quando fez de cabeça o gol da vitória sobre o Grêmio por 2 a 1 que garantiu o título nacional. Foram 284 jogos e 17 gols marcados.
A história da churrascaria vizinha ao estádio dos Aflitos é apenas mais uma do zagueiro que foi flagrado numa rua escura próxima à sede da Gávea depois de marcar o gol do título brasileiro em 2009. De mochila nas costas, o jogador que virara herói de uma nação momentos antes aguardava a carona da mulher Ricássia como um simples mortal.
Jogador quer ir ao Engenhão na última rodada do Brasileirão
Morador de Copacabana quando defendia o Flamengo, Angelim também costumava varar as madrugadas na orla. Motivo: pelada com os porteiros da região, com direito a churrasquinho nas areias.
No próximo dia 6 de dezembro, o gol e o título do Flamengo completarão três anos. Antes disso, em 2 de dezembro, ele projeta uma visita ao Rio. E com endereço certo.
- Estou querendo ir ao Engenhão assistir ao jogo contra o Botafogo – disse Angelim.
Em caso de contratempo ou extrema devoção da torcida, vale a dica para Angelim: a lanchonete Havelanches, que faz um trocadilho com o nome do estádio João Havelange, é famosa pelo seu pastel. E tem televisão.
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