Por Cahê Mota, Globo Esporte
Um time incansável. Difícil achar uma definição melhor para este Flamengo finalista da Copa São Paulo de Futebol Júnior que não tenha relação com o fôlego demonstrado ao longo da competição. Não estamos falando só do preparo físico pelos garotos que se dividiram na ponte aérea para reforçar os profissionais, mas, principalmente, pela intensidade que sufoca e desnorteia rivais, como a Portuguesa na tarde desta segunda, no Canindé.
O time bem arrumado de Maurício Souza apresenta características de futebol moderno: movimentação constante, aproximação e intensidade. Muita intensidade. Desde o trio ofensivo formado por Vitor Gabriel, Yuri e Bill, até os defensores Patrick e Dantas, os rubro-negros são daqueles que não deixam o adversário respirar, pegam no cangote e, por consequência, têm mais a bola.
A marcação forte dificulta as ações de adversários que se vêm encurralados e pressionados. Com a posse, o Flamengo é vertical e bem distribuído. Hugo Moura e Théo dão a sustentação necessária para rotatividade de Vitor Gabriel, Yuri, Bill e Luiz Henrique. Os quatro não param, principalmente os três primeiros. E desta maneira foi construída a vitória por 3 a 2 diante da Lusa - apesar da pressão nos minutos finais.
Capacidade de organização
Os primeiros minutos foram de um Flamengo irreconhecível. Toda intensidade no campo ofensivo demonstrada ao longo da campanha deu lugar a um time apático. Curiosamente, parece ter sido bom ter saído atrás logo no início. O gol de Davi, aos oito, despertou um Rubro-Negro que empatou quatro minutos depois para, aí, sim, apresentar o futebol que esperado.
Como já tinha acontecido nos mata-matas anteriores, o trio Vitor Gabriel, Yuri e Bill não dava sossego para defesa da Portuguesa. Mais do que marcar forte a saída de bola, eles se movimentavam, trocavam de posição e dificultavam a marcação. Não à toa, foi nesse "carrossel" que saiu a virada.
De centroavante, Vitor Gabriel abriu na esquerda para buscar o jogo, usou o corpo bem como de costume e cruzou rasteiro. Luiz Henrique, como legítimo centroavante, fez o papel de homem surpresa para desviar para o gol. Com tantas opções no ataque, o Flamengo conseguia se fechar bem, a não ser em um setor: o lado direito.
Sem Wesley, lesionado, o zagueiro Bernardo foi improvisado e sofreu. Sem a mesma velocidade de alguém de origem da posição, dava espaços aos atacantes da Lusa. Assim, Cesinha levou perigo, arriscou de longe, mas parou em Yago. Nada que tirasse dos cariocas o domínio da etapa inicial.
Inteligência para usar pontos fortes
Diante de uma Portuguesa atordoada, o Flamengo manteve o domínio e ditou as ações no segundo tempo. Se a Lusa saía para o ataque, os rubro-negros tinham velocidade suficiente para aproveitar os espaços e sempre estiveram mais próximos do terceiro gol do que de sofrerem o empate.
Com maior liberdade, os jogadores de lado do campo passaram a participar mais do jogo. Bill acertou a trave em duas oportunidades, Yuri chamou a atenção pelos dribles, mas a tarde era mesmo de Vitor Gabriel. Após cobrança de escanteio, marcou mais um de cabeça e decretou seu protagonismo no dia: duas bolas na rede e uma assistência.
Apesar de jovem, o Flamengo da Copinha demonstrava inteligência suficiente para ditar o ritmo dos jogos e administrar vantagens. Tamanha superioridade, entretanto, deixou o ensinamento de não relaxar. A equipe passou a desperdiçar chances em sequência e viu a Portuguesa descontar. O nervosismo mudou de lado e um sufoco desnecessário marcou a vaga na decisão.
As opções para o lugar de Vitor Gabriel
O ponto negativo da tarde no Canindé ficou por conta do cartão amarelo para Vitor Gabriel na comemoração do primeiro gol. Destaque da campanha e decisivo contra Avaí e Portuguesa, o centroavante deixa uma lacuna, mas o Flamengo tem boas opções para o setor. Tudo passará pela liberação de Paulo César Carpegiani para reforçar os garotos da Copinha.
No banco a maior parte da partida diante da Lusa, Wendel, que entrou em campo pelos profissionais contra Volta Redonda e Cabofriense, tem experiência suficiente para desempenhar o papel. Desgastado, foi opção para os minutos finais. Já no Rio de Janeiro ficou Lucas Silva. Titular nas primeiras rodadas do Carioca, ele marcou um gol diante do Voltaço e seria um reforço de peso para Maurício Souza.
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