sexta-feira, 27 de abril de 2018

Dia do... Goleiro é cortado da Copa de 1930 por atuar "escondido" pelo Flamengo

Dia do... Goleiro é cortado da Copa de 1930 por atuar
Por GloboEsporte.com, Manaus, AM
O ano era 1923. O hoje 34 vezes campeão estadual Flamengo disputava apenas sua 11ª edição do Campeonato Carioca. Havia vencido quatro: 1914, 1915, 1920 e 1921. Era um clube de regatas que ainda engatinhava no futebol, mas que já revelava seus primeiros ídolos. O enredo a seguir conta a história do goleiro amazonense Amado Benigno, que, ainda na época amadora, vestiu as cores do time em 124 oportunidades.

Amado era uma lenda da época, mas é provável que nem os mais fanáticos rubro-negros saibam quem foi o labreano (de Lábrea, município localizado a 702 km da capital Manaus) que, no auge da carreira, chegou a ser cotado para representar a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1930. Ele chegou a defender o time Canarinho uma única vez em 1929, com vitória por 4 a 2 em amistoso, mas ficou de fora da relação final por causa de um ato de indisciplina. No dia da apresentação à CBD, ele não apareceu porque foi disputar um amistoso - sem comunicação prévia - por seu clube.

- No dia da apresentação para Copa do Mundo, Amado resolveu disputar um amistoso pelo Flamengo sem avisar a CBD. Ele foi cortado, e levaram o Joel, titular daquela Copa, em seu lugar - conta o historiador Gaspar Vieira Neto.

Este dia 26 de abril é dia do goleiro. Último jogador e, diz a sabedoria popular, a posição mais ingrata do futebol. O GloboEsporte.com conta quem foi esse ícone do cenário carioca.

O bicampeonato carioca e brasileiro
Nascido em 1905, Amado vestiu as cores do Flamengo pela primeira vez em 1923. Suas defesas não tardaram para o colocar no time titular, onde seguiu até 1934, quando se aposentou. Nesse período, Amado foi campeão estadual em 1925 e 1927. O desempenho o levou para a Seleção Carioca - naquela época, eram Seleções que representavam determinado Estado em competições nacionais.
Vestindo as cores do Rio de Janeiro, o arqueiro conquistou o título brasileiro em outras duas oportunidades, em 1927 e 1928. Os canecos consecutivos na carreira chamaram atenção da Confederação Brasileira de Desportos (CBD, antiga CBF) e o levaram, pela primeira e única vez, a seleção brasileira. Em 1929, já considerado o melhor do Brasil em sua função, ele disputou um amistoso contra a equipe do Rampla Juniors, do Uruguai, e ajudou o Brasil a vencer por 4 a 2. No entanto, nunca mais voltou a ser chamado.

O corte da CBD
Bicampeão carioca, bicampeão brasileiro e estreia vitoriosa pelo time Canarinho. Era a chance de Benigno assumir de vez a posição e defender o Brasil na primeira Copa do Mundo da história, certo? O historiador Gaspar Vieira Neto conta que não foi bem assim. No dia da apresentação para Copa do Mundo, Amado resolveu disputar um amistoso pelo Flamengo sem avisar a CBD. Resultado: foi cortado e viu o treinador Píndaro de Carvalho levar Joel em seu lugar. O Flamengo, de quebra, foi o único grande carioca sem representante na Copa do Uruguai.

Medicina e olheiro de Oscar Niemeyer
No começo do século, o futebol era amador e - digamos - não era o suficiente para sustentar uma família. Benigno jogava por amor. Prova disso era a profissão exercida fora dos gramados: médico. Filho de um coronel, o amazonense cursou medicina e, quando começou a defender o Flamengo, já praticava a profissão. O mesmo que fez após pendurar as chueteiras.

A aposentadoria também o levou a outro caminho. Ele virou olheiro do Fla e, curiosamente, observou um jovem da categoria do Fluminense bastante promissor: um tal de Oscar Niemeyer. Amado até chegou a convidar Niemeyer para atuar no Flamengo, mas teve o convite negado. O futuro arquiteto alegou que não pretendia seguir carreira de jogador. A história, contada pelo próprio Niemeyer, foi publicada no livro "As grandes entrevistas do Milênio"

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