sábado, 14 de fevereiro de 2015

Zico é destaque em desfile da Águia de Ouro sobre o Japão no carnaval paulista



A agremiação trouxe o ex-jogador Zico, que foi técnico de clubes no país asiático, no último carro alegórico. Foto: Marcos Bezerra-Folhapress

SÃO PAULO - Idolatrado no Japão, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, estreou no carnaval de São Paulo pela Águia de Ouro, vestindo uma camisa em que metade representava a bandeira do Brasil e a outra a bandeira japonesa. A escola fez homenagem aos 120 anos de tratado de amizade entre os dois países. Como prova disso, a Águia de Ouro trouxe um carro diretamente da terra do sol nascente, desmontado e transportado em 15 contêineres. Na avenida, o público conferiu uma alegoria com escultura de 12 metros de altura.
Zico desfilou na quinta e última alegoria, que trouxe uma paixão que une brasileiros e japoneses: o futebol. No topo do carro, uma escultura de Buda, com coroa, fazia homenagem a Zico, que na década de 90 jogou no Japão e encerrou a carreira por lá como treinador.
— Pela empolgação, acho que dá para voltar na sexta-feira (desfile das campeãs). Eu gosto de samba, eu gosto de carnaval, então, eu me divirto muito. O pessoal da escola me recepcionou de maneira maravilhosa e a gente fica feliz quando se sente em casa — contou Zico.
O ex-jogador, que em 2014 foi enredo da Imperatriz Leopoldinense, declarou que a emoção de desfilar em São Paulo é diferente, mas que foi tão boa quanto à participação na passarela carioca. — Gostei. Foi ótimo — disse. A escola tentou mostrar uma visão diferente e moderna do Japão, mas sem abrir mão das tradições.
O abre-alas reuniu mangás, samurais, robôs e TVs de LED. No desfile, a Águia também prestou homenagem às artes marciais e à culinária japonesa. Ainda mergulhada no tema, a bateria importou o taikô, tradicional tambor japonês. E como não poderia faltar, havia muitos japoneses caindo no samba.
A rainha de bateria da Águia, Cinthia Santos, diz que sua fantasia, que simbolizava o sol, custou R$ 120 mil. — Para atravessar a avenida e ver a alegria da comunidade vale qualquer preço — disse antes do desfile. Duas porta-bandeiras da Águia passaram mal no final do desfile e precisaram de atendimento.
A noite começou com a Mancha Verde, que este ano homenageou o centenário do Palmeiras, completado no ano passado. Antes do desfile, ainda na concentração, o presidente da escola, Paulo Serdan, fez um discurso e criticou o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre. Uma prova de que agremiações ligadas à torcidas uniformizadas não separam futebol do carnaval. "Chegou o grande momento da nossa história. Os fofoqueiros do Anhembi falaram que vamos cair. Sabe porque não vamos cair? Porque essa é a nossa segunda arrancada heroica. Menos o presidente do Palmeiras que ignorou essa festa. Vai ser o melhor desfile da história da Mancha".
A atriz Viviane Araújo, a Naná da novela "Império", desde 2005 no posto de Rainha de Bateria, roubou a cena no desfile da Mancha. Com uma fantasia que representava o vinho, Viviane fez questão de dar atenção ao público que a aplaudia.
O último carro alegórico começou a pegar fogo no fim do desfile, o que assustou a diretoria, mas o incidente logo foi contornado.
Entre confetes e serpentinas, a Acadêmicos do Tucuruvi relembrou as marchinhas carnavalescas que embalaram bailes de salão. A escola fez várias homenagens em seu desfile, de Carmen Miranda a Chiquinha Gonzaga - compositora da primeira marchinha, "Ô Abre Alas", em 1899.
A adrenalina foi não só o enredo, mas o fio condutor do desfile da Tom Maior, que levou para o Anhembi uma reprodução da personagem de Linda Blair no filme "O Exorcista". Os carros alegóricos representaram as maneiras como o corpo humano sente a adrenalina e faz o coração bater maisrápido. Para explorar tudo isso, a agremiação apresentou corridas de carro, motocicleta, pista de skate, filmes de terror, ala de componentes fantasiados de baratas, o primeiro beijo e até mesmo o dia de um casamento. A inspiração para a escolha do enredo foi o drama do abre-alas ter quebrado no carnaval do ano passado.
Com o enredo "Acredite se puder", a Dragões da Real fez um convite ao folião para entrar no mundo da imaginação com personagens do cinema como o Willy Wonka, de "A Fantástica Fábrica de Chocolate", e "Branca de Neve". O samba de letra fácil foi uma das apostas da agremiação agradar ao público nas arquibancadas.
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A chuva de granizo que caiu no carnaval de 2014 inspirou o tema da Rosas de Ouro para este ano: "Depois da tempestade, o encanto". No posto de vice-campeã há três anos, a escola apostou em efeitos especias e muito luxo para contar o seu enredo. Um dos seus integrantes desapareceu oito vezes na avenida e transformou luzes de led em uma rosa. Mágicos mineiros fizeram vários truques na avenida. Luzes de led também foram usadas na fantasia da rainha de bateria, Ellen Roche, que, ao final do desfile, agradeceu por não ter chovido e chorou de emoção. Repetindo a faceta de sempre algum carro exalar aroma - em outros anos tiveram cheiro de chocolate e perfume - do carro "Terra do Nunca" saía o cheiro da chuva.
Já amanhecia quando a Nenê de Vila Matilde, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo, entrou na avenida com muito samba no pé — forte característica da escola — para contar a história de Moçambique, mas não de forma cronológica. A Nenê optou por contar a lenda do baobá, árvore que conta a história do país para as crianças.
A segunda noite de desfiles em São Paulo teve Vila Maria, Gaviões da Fiel, a atual campeã Mocidade Alegre, Império de Casa Verde, Acadêmicos do Tatuapé, Vai-Vai e X-9 Paulistana.

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