A família Antunes Coimbra, cujo expoente maior é Zico, não se resume
ao Galinho de Quintino quando o tema é futebol. Antunes, o primogênito e
ex-centroavante do Fluminense, e Edu, considerado por muitos o maior
jogador do América, também compõem a constelação. Mas outro habilidoso
craque da família não pôde ter sua técnica reconhecida nacionalmente.
Embora seus dribles não tenham ganhado notoriedade pelo Brasil afora, a
exemplo dos irmãos foi perseguido e até hoje sente as marcas das
pancadas que levou de seus mais implacáveis marcadores. Não eram
zagueiros brucutus, mas sim arapongas do golpe militar, decretado em 1º
de abril de 1964. Trata-se de Fernando Antunes Coimbra, o Nando. E neste
sábado, às 12h, no Grêmio Esportivo Vital, em Quintino, lança o livro
"Clube dos vitalícios".
"Clube dos vitalícios" reúne histórias vividas por Nando em Quintino. A capa retrata uma pelada da qual ele e o irmão fizeram parte. Nando é o de calção preto, disputando a bola. Zico, de short branco, está no gol (Foto: Divulgação) |
"Clube dos vitalícios" reúne casos presenciados pelo autor em Quintino, bairro onde mora até hoje. Há uma pitada de ficção. Ilustrações e poemas também são assinadas por ele.
Nando
começou a ser perseguido pela ditadura assim que foi dado o golpe
militar. O início dos Anos de Chumbo redundaram na extinção do Plano de
Alfabetização Nacional (PNA), de Paulo Freire, e do qual o ex-jogador
era um dos professores. Estudante da Faculdade Nacional de Filosofia,
passou a ser tachado de elemento "subversivo" e de "alta
periculosidade", pechas estendidas à irmã Zezé, também docente e
integrante do PNA.
A marcação implacável dos arapongas o fez tentar a sorte no futebol, mas as oportunidades logo tornavam-se escassas a cada clube que chegava. Integrantes do regime queimavam o filme de Nando com os dirigentes do respectivos clubes, informando-lhes das facetas criadas pelos próprios. As dispensas tornavam-se recorrentes. Passou por América, Madureira, Santos-ES, Ceará, Belenenses e Gil Vicente. No Vozão, onde chegou em 1968, aos 22 anos, viveu seu ápice como atleta. Lá, recebeu proposta para atuar no futebol português. Era o início do fim. Em terras lusitanas, à época também controladas por um regime ditatorial, de Salazar, foi comunicado de mais uma dispensa pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado. Estava claro que não se tratava de um corte esportivo.
A marcação implacável dos arapongas o fez tentar a sorte no futebol, mas as oportunidades logo tornavam-se escassas a cada clube que chegava. Integrantes do regime queimavam o filme de Nando com os dirigentes do respectivos clubes, informando-lhes das facetas criadas pelos próprios. As dispensas tornavam-se recorrentes. Passou por América, Madureira, Santos-ES, Ceará, Belenenses e Gil Vicente. No Vozão, onde chegou em 1968, aos 22 anos, viveu seu ápice como atleta. Lá, recebeu proposta para atuar no futebol português. Era o início do fim. Em terras lusitanas, à época também controladas por um regime ditatorial, de Salazar, foi comunicado de mais uma dispensa pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado. Estava claro que não se tratava de um corte esportivo.
Voltou
ao Brasil, onde foi preso pelo Dops, o Departamento de Ordem e Política
Social do regime militar. Durante os cinco dias, segundo Nando, ele e
outros presos foram torturados impiedosamente. Ainda tentou voltar a
Portugal, onde defendeu o Gil Vicente, mas pendurou as chuteiras em
1972, com apenas 26 anos. A aposentadoria, de acordo com o próprio,
deu-se com o intuito de não prejudicar os irmãos.
- Eu tinha que desistir, porque o meu pavor era prejudicar a carreira deles. Mas não adiantou, porque o Edu não foi à Copa de 70 com certeza porque eu e a Zezé éramos do PNA. E Zico também foi cortado das Olimpíadas de 72 porque eu fui preso - afirmou Nando, em entrevista concedida ao Esporte Espetacular em 2011.
- Eu tinha que desistir, porque o meu pavor era prejudicar a carreira deles. Mas não adiantou, porque o Edu não foi à Copa de 70 com certeza porque eu e a Zezé éramos do PNA. E Zico também foi cortado das Olimpíadas de 72 porque eu fui preso - afirmou Nando, em entrevista concedida ao Esporte Espetacular em 2011.
Por Fred GomesRio de Janeiro
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