A camisa rubro-negra agora foi vestida. A identificação com o rival Fluminense ficou no passado e deu lugar à expectativa da torcida do Flamengo. Darío Conca foi apresentado oficialmente nesta sexta-feira, no Ninho do Urubu. O reforço utilizará a camisa 19.
Com o já conhecido jeito tímido, mas sem tirar o sorriso do rosto, o meia argentino entrou na sala de imprensa acompanhado do presidente Eduardo Bandeira de Mello, do diretor de futebol Rodrigo Caetano e de Márcio Tannure, chefe do departamento médico. Antes mesmo de ouvir as diversas perguntas dos jornalistas, agradeceu ao novo clube pela oportunidade num momento em que está lesionado e emendou destacando a importância de defender a camisa do Rubro-Negro.
- Pensava que ia ficar muito tempo sem jogar, que seria difícil, mas as portas abriram para eu vir para um grande clube. O planejamento foi perfeito. Poder vestir a camisa do Flamengo será motivo de orgulho para mim. Espero entregar tudo o que posso. Tenho um ano de contrato no qual vou tentar ajudar ao máximo para tentar recompensar todos que estão me ajudando nesse momento. Estou aqui para dizer que estou muito feliz, que minha família está feliz. Essa camisa é muito importante. Vestir mais uma camisa aqui no futebol brasileiro é muito importante para mim - completou o meia.
Muito questionado sobre sua relação com o Fluminense, clube brasileiro pelo qual fez história ao se tornar o estrangeiro com maior número de jogos, Conca não escapou de um pequeno deslize e acabou trocando o nome da nova equipe pelo do rival ao responder sobre o meia Diego.
- O Diego é o meio do Fluminen... do Flamengo. Isso é importante, dentro grupo, dentro do clube. O torcedor gosta muito dele. É especial em tudo que ele faz. Da minha parte, vou me recuperar. O treinador sabe onde me usar.
Além de todas as questões envolvendo a lesão no joelho esquerdo e a possível escalação no esquema de Zé Ricardo, o que chamou a atenção de todos presentes foi o número 19 na camisa do argentino. Camisa 10 na China e lembrado com a 11 no Flu, disse não ter nenhum motivo especial para a nova escolha.
- Escolhi porque nunca repeti número. Quando cheguei na China também, agora eu queria outro número, mas já tinha usado, aí decidi usar outro. Nunca repeti. Foi isso só. Eu gosto desse nove também. Não tem nada (de especial). Só falei com o pessoal do Flamengo e eles entenderam bem a decisão.
Antes mesmo do mais badalado reforço começar a falar como jogador do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello tomou a palavra e não poupou elogios ao meia de 33 anos.
- Hoje estamos aqui para apresentar aqui nosso super-craque Darío Conca, que vem aqui nos ajudar e com certeza honrar o manto sagrado. Era um sonho antigo da nossa torcida que está se concretizando agora. Ele vem inclusive para terminar sua recuperação aqui no nosso Centro de Excelência. Esperamos estar vendo o Conca jogando, dando assistências e fazendo os gols - disse o presidente.
Recuperação e currículo
Conca, de 33 anos (faz 34 em 11 de maio), chega ao Flamengo por empréstimo do chinês Shangai SIPG e só receberá salários após fazer sua estreia pelo clube. Ele está em recuperação de cirurgia no joelho esquerdo e usará as recém-inauguradas instalações e facilidades do CT rubro-negro para sua reabilitação.
Justamente por causa dessa lesão, o médico do Flamengo Márcio Tannure participou da entrevista coletiva de apresentação de Conca. Ele explicou o problema e falou sobre o retorno do argentino aos gramados.
- É uma situação inusitada para a gente também. Eu vi muitas pessoas dizerem que seria um desafio, mas na verdade acho que é muito mais reconhecimento do nosso trabalho, de tudo que foi feito junto com o esforço da diretoria. Enxergo como reconhecimento. Como o próprio Rodrigo (Caetano) disse, da maneira que ele veio, sem custo, o que e ele representa, poderia escolher qualquer lugar para se recuperar. Escolheu o Flamengo porque confia plenamente que temos as condições necessárias, nós também acreditamos que temos condições.
A previsão, até então, seria do jogador pronto para o Campeonato Brasileiro. Tannure, contudo, prefere não falar em data, mas sim nas etapas que o argentino terá que passar até o retorno aos gramados.
- Jogador que vem de lesão como ele tem que passar por certas etapas. Se ele cumprir essas etapas estabelecidas antes do previsto não tem motivo da gente segurar e não liberar. Se demorar mais, também não vamos expor o atleta a uma recuperação precoce. A gente sabe que a principal causa de novas lesões é uma lesão que não foi bem tratada.
Formado na base do River Plate, o jogador ganhou os holofotes em 2006, com a camisa da Universidad Católica. No ano seguinte, estava no Vasco. Mas foi em 2008, pelo Fluminense, que decolou no futebol brasileiro.
Protagonista na conquista do Brasileirão de 2010 pelo Tricolor, foi negociado com o Guangzhou Evergrande na temporada seguinte. Voltou ao Flu em 2014, mas lá ficou só um ano e foi novamente para o futebol chinês, desta vez para defender o Shangai SIPG, seu último clube.
Confira outros trechos da coletiva de Darío Conca:
Projeto de jogar a Libertadores
Muito bom. Todo mundo sabe a importância que tem, pode te levar para um Mundial. É um torneio que todo time sul-americano sonha um dia ganhar. Ter essa oportunidade vai ser muito importante. O Flamengo está com bom elenco. Disputar mais uma Libertadores vai ser bom para a minha carreira.
Como é ser ídolo de um rival?
Vou ser sempre grato a cada clube que passei. Acho que todo mundo me ajudou. A pressão é a mesma. O Flamengo é muito grande, tem muita pressão. No Flamengo ou em outro clube o profissionalismo do jogador não pode mudar. A responsabilidade é sempre a mesma, independentemente se jogou em clube do Rio, São Paulo. Tem que respeitar o clube e os companheiros, independente da camisa que vestiu antes.
Primeiro Fla-Flu
Passam tantas coisas quando você está machucado, pensa em muita coisa. Sei a importância do Fla-Flu, sei a importância que vai ter esse jogo. Mas tem que ser profissional e saber que o mais importante é que o treinador e os jogadores vão trabalhar. É outro jogo importante no campeonato.
Recuperação da lesão
Depende como cada um olha. Mais importante é que trabalhei durante quatro meses com preparador físico do meu lado sempre, contratado pelos chineses para ajudar. Estou ficando cada vez melhor, resultado está sendo bom. Dizer quando vou estar em campo é muito difícil, queria que fosse esse final de semana (risos), mas tem que esperar, trabalhar com o pessoal que veio da China, com o pessoal do Flamengo. Todo mundo junto para que seja o mais rápido possível.
Importância do CT
Muito importante, foi um ponto forte na decisão. Mas o Flamengo não é só um Centro de Excelência. É um clube, grande torcida, grande elenco também. Esse apoio e seriedade foram muito importantes. Acho que o centro é importante para o clube, está sendo para mim também pessoalmente.
Ansiedade para entrar em campo
Todo jogador sente que tem que retribuir, entrar em campo, correr, fazer tudo pelo bem do clube que o apoiou, que o ajudou, que teve interesse muito grande. Também tem uma responsabilidade muito grande. Não vejo a hora de entrar em campo.
Por Amanda Kestelman, Igor Rodrigues e Richard SouzaRio de Janeiro
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