terça-feira, 14 de junho de 2016

Mozer aposta em Zé, e Bandeira diz que Fla "avalia situação com calma"

Mozer Flamengo (Foto: Raphael Zarko)
Mozer foi apresentado nesta terça no Ninho do Urubo e elogiou trabalho do técnico Zé Ricardo durante coletiva (Foto: Raphael Zarko)
A nova figura do departamento de futebol passou longe do muro na primeira entrevista coletiva. Com a personalidade que mostrou ao estrear no Maracanã lotado num Fla-Flu para 160 mil pessoas em 1980 - feito que lembrou no início da entrevista coletiva -, José Carlos Nepomuceno Mozer disse que Zé Ricardo não é treinador interino. Mozer também deixou claro que Réver - nome que confundiu e chamou de Régis - pode ser titular do time, mesmo fisicamente ainda longe do ideal, e fez questão de tabelar com o diretor de futebol Rodrigo Caetano, o terceiro elemento numa mesa que tinha também o presidente Bandeira.
- Não sei se ele é interino. Presidente que decide se o treinador é bom ou não. Nunca ouvi falar se ele é interino. Aquilo que vejo e a confiança que temos é num nome para treinador do Flamengo e ele se chama Zé Ricardo. A formação é diferente, a responsabilidade é outra: do júnior e sênior (profissional) - admitiu Mozer.

Com algumas expressões ainda do futebol português, onde passou quase 30 anos depois de fazer carreira no Benfica, Mozer falou em "sênior", "camadas menores" e "equipa", o novo integrante do departamento de futebol do clube mostrou orgulho ao voltar ao clube. O retorno se realiza 35 anos depois da conquista da Libertadores e do título Mundial Interclubes. O ex-zagueiro de seleção brasileira estreia numa função nova. Após encerrar a carreira, ele havia sido treinador em Portugal - onde chegou a ser auxiliar de Mourinho - , na Angola e no Marrocos. Ele retorna ao clube que o revelou após quase 30 anos.
- É motivo de orgulho retornar essa casa, cheguei aqui com 15 anos, todo percurso de aprendizagem no Flamengo. Tive saída em 1987 e que perdurou até poucos dias antes de voltar a esta casa. Aprendi muito na Europa como treinador, aprendi muito. A experiência que tive talvez tenha contribuído para meu regresso para partilhar essa gerência com Rodrigo Caetano - disse Mozer.
O presidente Eduardo Bandeira de Mello, que falou em hipótese absurda de se imaginar que o nome de Mozer tenha vindo de "um tal Bochecha" em grupo de Whatsapp, foi vago ao comentar sobre novo treinador. Após insistentes perguntas, foi lembrado do que disse o vice-presidente de futebol Flavio Godinho, após a derrota para o Figueirense no fim de semana. O dirigente dizia que o assunto novo treinador "seria definido com a maior  "brevidade possível".
- Você interpretou errado. Brevidade possível pode ser 15 minutos, dois meses, três meses ou nunca. Em momento nenhum eu disse que ia contratar treinador essa semana - disse o presidente do Flamengo, que chegou dos Estados Unidos nesta manhã.
Confira outros trechos da coletiva de apresentação de Mozer:
Atribuições
É uma função desgastante para uma pessoa só (no caso, apenas para o diretor de futebol Rodrigo Caetano). Além de questões técnicas o tempo é escasso para coordenar. Partindo desse princípio de ter sido treinador, trago um processo diferente para o futebol brasileiro. Que isso possa levar o Flamengo a vencer o mais rápido possível e sustentadamente.
Ideias
Quero agregar ideias, Zé Ricardo está completamente receptivo a discussão que possamos ter. Espero que a gente consiga contribuir para o que o Rodrigo deseja. Dividir funções mais específicas, de avaliar jogadores, esquema, de achar que A, B ou C têm condições de ficar. D, E ou F podemos não precisar, porque custa entrar no processo, isso tudo é trabalho do gerente.
Treinador do Flamengo
Não sei se a direção está buscando treinador estrangeiro, o Flamengo tem treinador que é o Zé Ricardo. Extremamente vencedor no clube que está inserido. Foi promovido com a impossibilidade do treinador anterior. Tem confiança nele, senão não fazia sentido ficar com o Zé Ricardo. É homem que tem feito percurso brilhante nas camadas jovens. Tem na totalidade do grupo profissional a aceitação. Não acredito que possa vir treinador. Não sei se ele é interino. O presidente quem decide se treinador é bom ou não. Nunca ouvi falar se ele é interino. Aquilo que vejo e a confiança que temos é num nome: Zé Ricardo. A melhorar, a dialogar, sobe e transita. A formação é diferente, a responsabilidade é outra: do júnior e sênior (profissional).
Diálogo com os jogadores
Vão me passar dados importantes, que vou conhecer. Eu me integro nessa situação também. Tive conversa com psicólogos do clube, me passaram a personalidade de cada um. Isso é extremamente importante para motivá-los cada vez mais. Quando se tem equipe muito jovens com a dimensão do Flamengo, que é necessário vencer todos os jogos, A crítica é grande em função de resultado que não aparece.
Lembranças
Meu momento mais marcante foi a estreia, minha estreia tinha 160 mil pessoas. Eu tinha 19 anos, ia jogar ao lado de ídolos que criei durante minha maturação no Flamengo. Depois, vieram as conquistas de Brasileiro, Libertadores e culminou com o Mundial. O processo ainda tenho presente dentro da minha mente, justamente o que vamos tentar resgatar. Essa ideia de núcleo familiar no campo.
Momento do Flamengo
Nos dois últimos jogos tivemos 14 chances para fazer gol, no último 16. Indicador positivo de agressividade. Ter oportunidades com esse volume, é sinal de que trabalha num processo ofensivo. O Flamengo, com um treinador jovem, com absorção no profissional, está começando muito bem.
Réver (ele se confunde e chama de Régis)
Ele pode se sair muito bem ou pode ter dificuldade. Devido à defasagem física. É grande jogador, tem liderança grande com seus colegas. Tem demonstrado e demonstrou poder de colocação, jogo aéreo marcante. Com característica de qualidade. É um risco colocá-lo amanhã? É, é um risco. Mas não tem muitas opções.
Avaliação do time
Estou satisfeito com a hierarquia. Sei muito bem aquilo que devo fazer, Rodrigo me deixou à vontade para cumprir as funções. Estou extremamente à vontade para desempenhar minha função. Tive conversas com Zé Ricardo. Equipe jovem, com capacidade técnica e capacidade de assimilar trabalho, de sofrimento muito grande. Consegui verificar em treino e jogos.
Jogadores experientes
O papel do jogador mais velho é ser ponto de referência positiva da equipe, temos jogadores mais velhos e bons. Nesse ponto devemos nos alavancar. A experiência é sempre importante, conto muito com eles. Que eles ajudem essa equipe ficar mais forte. Eles precisam dessa grande responsabilidade. É uma partilha. Ponto de exemplo. Os mais novos precisam alavancar os mais velhos também.
Ídolos rubro-negros que não deram certo na direção
Não posso falar do Zinho, do Junior, Zico, porque não estava presente, não sei o que passou para não terem tido êxito. Posso falar do que vou fazer aqui dentro, juntamente com Rodrigo Caetano, que vai me ensinar algumas funções administrativas. Me deram toda a liberdade para executar o que me pediram para fazer. Não sei se eles tiveram isso. O que me disseram dá muita confiança para executar.
Espírito rubro-negro
Não vejo falta de alma, vejo ansiedade, que é natural. De uma equipe que precisa ganhar, por vezes a ansiedade é tão grande que eles não materializam em vitórias e vitórias. Talvez a qualidade da equipe, as ocasiões que criam, se não for converter em gols, esse boato da falta de empenho, da mística rubro-negra deixava de existir. Futebol é assim, eles sabem que é assim. Estamos trabalhando.

Por Rio de Janeiro

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