Wesley dos Santos saiu do sinal que fazia malabares para a loja do Flamengo (Foto: GloboEsporte.com) |
Por Janir Júnior - Globo Esporte
Dizer que Wesley dos Santos faz malabarismo para driblar as dificuldades da vida não é figura de linguagem. Desde os 10 anos – e há oito no mesmo sinal de trânsito na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio – o menino, sempre vestido com seu manto rubro-negro, joga bolinhas para o alto em busca de trocados que ajudem na apertada renda familiar.
Hoje, aos 18 anos completados recentemente, o Flamengo promete mudar sua vida.
Não por um possível talento nos pés, mas pela ação dos empresários da MF Gestão e irmãos Marcelo e Fábio Plaisant – que conheceram o então menino no sinal - e do clube representado nas figuras de Diego e do diretor de marketing, Bruno Spindel. Wesley terá seu primeiro emprego de carteira assinada na loja Espaço Rubro-Negro.
Diego e sua mulher também conheceram Wesley no seu malabarismo do dia a dia, mantiveram contato e ajudam o menino. O jogador foi além: conseguiu parceria que irá custear matrícula e retorno do rubro-negro aos estudos, interrompidos na 8ª série.
- No começo, ainda novinho, eu vendia balas em Jacarepaguá. Depois, com dez anos, vim para Barra com as bolinhas. Isso é mais por necessidade, para ajudar minha mãe. Tenho mais de oito anos no sinal, fiz amigos. Há um ano e meio conheci o Marcelo, que conseguiu esse emprego. Foi um anjo da guarda – afirmou Wesley.
O Flamengo, por meio da empresa que faz a gestão das lojas oficiais, oferecerá treinamento e capacitação do Wesley, que também será levado à Gávea para conhecer mais a história no Fla-Memória.
- O Wesley é um exemplo de luta e dedicação. Poder retribuir a paixão de um membro da nossa nação e dar oportunidade, como ingressar no mercado de trabalho e complementar seu ciclo educacional, é algo que orgulha demais o Flamengo – afirmou o diretor de marketing do Rubro-Negro, Bruno Spindel.
CIDADE DE DEUS
Wesley é morador da favela Cidade de Deus, onde os constantes tiroteios fazem da favela um inferno na terra. A mãe – prestadora de serviços gerais cuja renda varia de acordo com eventos que faça – foi responsável por criá-lo ao lado de um irmão e mais duas irmãs.
- Conheci meu pai, mas ele nunca me ajudou, não. Minha mãe sempre fez o trabalho de mãe e pai juntos, sempre deu conta. No dia dos pais e das mães, ela que ganha o presente – disse Wesley.
Mesmo com as dificuldades, não sucumbiu aos desvios dos caminhos:
- Sou um menino que gosta das coisas certas; não me sinto bem com o que me traz coisa ruim.
HISTÓRIAS REAIS
Já de posse da carteira de trabalho, Wesley começará o trabalho na loja do Shopping Via Parque, também na Barra. Quem quiser dar uma força é só chegar e pedir para ser atendido por ele.
O caso do jovem torcedor rubro-negro remeteu a uma frase dita pelo vice-presidente de marketing do Flamengo, Daniel Orlean, em encontro com lojistas da rede oficial do clube:
- Nosso propósito não é vender camisas. É participar de histórias reais dos nossos torcedores.
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