Zico ainda crê que o Brasil consiga a medalha de ouro no futebol masculino (Foto: Jorge Natan) |
O empate sem gols entre Brasil e Iraque no último domingo deixou no ar, mais uma vez, o clima de decepção com a seleção brasileira e ainda criou o temor por uma eliminação ainda na primeira fase do torneio de futebol masculino da Olimpíada. E o lamento com o desempenho do futebol brasuca também atingiu ex-ídolos da equipe. Ao comentar a situação do time olímpico, Zico deixou claro que consideraria apenas “mais uma vergonha” para o futebol do país uma queda precoce dentro de casa.
- Sair seria uma vergonha sim, pelo que representa o futebol brasileiro. Mas nos últimos anos o que mais tem acontecido no futebol brasileiro foi vergonha. Seria mais uma – disse o Galinho em evento nesta terça-feira.
Zico apontou que a seleção olímpica pode ganhar a medalha de ouro, uma vez que "tem time para isso" e "não tem nenhum bicho papão" no torneio de futebol masculino. Entretanto, pediu uma mudança de postura, afirmando que os atletas de hoje em dia "estão esquecendo de ser profissionais". O ex-jogador também avaliou negativamente a situação de Neymar como capitão da equipe na Olimpíada.
- O capitão do nosso time é um capitão que não tinha a menor condição de ser capitão. Ele tinha que estar preocupado em jogar futebol, só – afirmou o Galinho logo em seguida, em um bate-papo informal com torcedores, em outro evento.
Questionado sobre um possível peso da braçadeira de capitão no craque do Barcelona, Zico apontou que a equipe precisa saber lidar com o fato de estar jogando em casa.
- Pelo contrário. A camisa hoje está muito leve, tecido bem melhor. Não existe camisa pesar. Todo mundo gostaria de jogar no Brasil, com público a favor. Por que isso tem que pesar? Não existe essa coisa. O cara que é bom tem que saber jogar com a torcida a seu favor. Tem que mostrar capacidade e felicidade de estar ali na seleção. Então, essas desculpas de camisa pesa, de pressão, eu não aceito, não, vai me desculpar.
O Galinho apontou que a seleção brasileira tem desvantagem por conta dos poucos treinos em conjunto, em comparação com os adversários na Olimpíada. Para Zico, os outros times estão “mais organizados”, apesar de serem “mais fracos”. Dizendo que o Brasil teve “duas atuações pífias” nos Jogos, o ex-jogador disse, entretanto, que ainda tem esperança em uma campanha melhor.
Zico também lembrou que foi responsável por lançar na seleção do Iraque alguns jovens que hoje disputam a Olimpíada no Rio de Janeiro. E brincou com o fato de ver alguns deles em ação, uma vez que se trata de um torneio para jogadores abaixo dos 23 anos (com três exceções permitidas) e a sua passagem pelo futebol iraquiano ter ocorrido em ocorrido em 2012 - apontando, em tom bem humorado, que alguns seriam "gatos" (jogadores que modificam a data de nascimento).
- Eu preparei cinco daqueles jogadores que estão lá. O zagueiro que tirou aquelas bolas de cabeça, o goleiro, o lateral-esquerdo. Foram cinco que eu botei na seleção do Iraque. Me assustei. E vou dizer uma coisa: devia ter um monte de gato ali. Teve um cara ali que eu botei com 22 anos e ainda está sub-23. E já se passaram quatro anos (risos). Porque lá eles têm quatro passaportes, né? Um para ir para a Ásia, outro para ir para a Europa, outro para ficar no Iraque. Então, nem eles sabem quando nasceram, fica a critério lá, bota qualquer data (risos). E só pode ter três (acima de 23 anos), né? Acho que uns ali tinham mais – brincou.
Por Jorge Natan e Thiago CorreiaRio de Janeiro
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